Além de garantir Caio Júnior no cargo, a vitória sobre o Corinthians abafou uma crise política semelhante à do rival. Empolgados com a derrota do presidente Alberto Dualib no Conselho de Orientação do Corinthians, semana passada, oposicionistas palmeirenses contrataram quatro advogados para encontrar uma brecha que justifique no Palmeiras algo parecido com o que foi feito no adversário – uma ação judicial impugnando a aprovação das contas da gestão Affonso Della Monica no ano passado.

A argumentação é que, pelo Código Civil, “administradores não podem aprovar as próprias contas”. E elas foram aprovadas pelo Conselho Deliberativo, repleto de diretores. “Pelo estatuto do clube, não há nada que impeça os diretores de votarem as contas” justifica o vice-presidente Gilberto Cipullo. “Não houve nada errado.” Cipullo diz que “na época do Mustafá (Contursi, ex-presidente e principal nome da atual oposição), diretores também votavam as contas e ninguém falava nada”.

Segundo o vice-presidente, “as contas foram aprovadas porque não havia nada errado. Houve prejuízo, mas isso é uma questão meramente administrativa”. A dívida do clube é calculada pela diretoria em pouco mais de R$ 20 milhões. Mas, segundo a oposição, esse valor já teria superado os R$ 40 milhões.

A venda de Michael para o Dínamo de Kiev (Ucrânia), por quase R$ 8 milhões, é um alento, mas o clube ainda pode negociar mais jogadores, segundo Cipullo.

O goleiro Diego Cavalieri estaria na mira de clubes espanhóis como o ValÊncia e o Levante. Uma proposta oficial chegaria esta semana, segundo a imprensa espanhola. Cipullo nega. “Não estamos sabendo de nada. E como o passaporte italiano do Diego ainda não está pronto, acho difícil pintar algo ainda este ano”.

VINGANÇA
Calar a boca dos corintianos e salvar a pele de Caio Júnior foram as motivações dos jogadores palmeirenses no clássico de sábado, revelou ontem o zagueiro Dininho, autor do gol da vitória.

Os palmeirenses foram para o Morumbi mordidos com as declarações de alguns jogadores corintianos, principalmente o lateral-direito Pedro, que chegou a dizer que, em jogo contra o Palmeiras, “do pescoço pra baixo, é tudo canela”.

Júlio César Camargo, auxiliar de Caio Júnior, passou a semana passada recortando de jornais todas as declarações mais polêmicas. Júlio mostrou o material para o elenco pouco antes do jogo. Os palmeirenses ficaram irados, principalmente com Pedro, que jogou no clube até 2003. “Quem conviveu com o Pedro disse que o estilo dele é esse mesmo, de tentar provocar", disse Dininho. "Só lamento. Clássico é vencido dentro de campo, não fora dele.”