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Bortolotto volta à cena
Por Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
23/02/2010 | 07:00
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Depois do fatídico acidente em que levou quatro tiros e ficou dias em coma, durante assalto na Praça Roosevelt, o dramaturgo Mario Bortolotto volta à cena, amanhã, com a "Semana Mario Bortolotto", no Itaú Cultural, em São Paulo.

Com programação que vai até domingo, o evento contempla múltiplas manifestações artísticas que compõem o universo criativo de Bortolotto. Mesa de debates sobre teatro, literatura, história em quadrinhos, cinema e música com o artista e convidados sempre precedem apresentações de cenas (ele não deve subir ao palco), exibição de vídeos, saraus e pocket show da banda do dramaturgo, a "Saco de Ratos".

"É uma mostra de parte do meu trabalho. Mas, principalmente, vamos falar de obras culturais em geral, de tudo que influencia minha arte", conta Bortolotto.

Sonia Sobral, gerente de Artes Cênicas do Itaú Cultural, acredita que o interessante nessa mostra é poder ver o conjunto de influências e os diferentes tipos de produção de Mário. "Interessa pensar, por exemplo, se é possível identificar o artista de teatro em todas as outras linguagens ou se ele consegue trabalhar com o específico de cada coisa", conta.

O evento traz gente de gabarito para a seção Bate-papo com Mário. O crítico teatral Jefferson Del Rios, o jornalista Jotabê Medeiros, o escritor Marcelo Rubens Paiva, o diretor de cinema Beto Brant, o poeta Ademir Assunção e o vocalista da Velhas Virgens, Paulo de Carvalho.

"São grandes amigos, especialíssimos nas áreas em que atuam e de que falaremos. E haverá muito outros, que não participam de forma ativa nos debates, mas farão com que a conversa renda bastante", fala o dramaturgo.

Bortolotto frisa que, apesar do teatro ser seu maior referêncial, produz muito para outras vertentes: "Sempre fui um artista múltiplo, desde pivete. O teatro me deu muita projeção, mas tenho a banda, escrevi livros e fiz curtas-metragens."

Referência especial para as obras de Bortolotto são as histórias em quadrinhos. "Infelizmente não têm a devida atenção, mas eu considero como arte maior. Te ensinam a dirigir cenas e construir roteiros."

Na sexta, ainda acontece a exibição do inédito Getsemâni, longa baseado em uma peça de Bortolotto, que conta a história de um grupo de terroristas que sequestra um editor de best-sellers de auto-ajuda para obrigá-lo a publicar livros de qualidade. O filme inteiro foi realizado com R$ 5.000. "Foi um trabalho de parceria, muito amigo ajudando, para a gente conseguir realizá-lo."

Sobre a agressão sofrida, Bortolotto diz ainda não estar recuperado. "Estou com muitas dores, só posso escrever com um dedo e tenho dificuldades para respirar". Se o que passou estará presente em suas obras, o dramaturgo acredita que sim, mas subliminarmente. "Fui obrigado a mudar. Muita coisa que fazia antes, não posso mais agora."

Programe-se

Debate com Jefferson Del Rios sobre as influências e trajetória do dramaturgo no grupo teatral Cemitério de Automóveis, além de cenas das peças de Bortolotto com os atores André Cecato, Fernanda D'Umbra, Gabriel Pinheiro, Maria Manoela e Martha Nowill. Amanhã, às 20h.

Debate com Jotabê Medeiros e Marcelo Rubens Paiva sobre histórias em quadrinhos e literatura, com os atores Nelson Peres e Reinaldo Moraes lendo trechos de sua obra em prosa. Durante a conversa, são exibidas cenas do espetáculo ‘Chapa Quente' - peça adaptada pelo diretor para o teatro dos quadrinhos de André Kitagawa, também presente para comentar o espetáculo. Dia 25, às 20h.

Debate com Beto Brant e exibição do filme ‘Getsêmani'. Dia 26, às 20.

Debate com Ademir Assunção sobre poesia e leitura de poemas com Flavio Vajman, Marcelo Montenegro e Sergio Mello. O sarau é acompanhado por vídeos do autor em performance e a noite fecha com leituras de poemas de Bortolotto, acompanhado de sua banda de rock e blues Saco de Ratos. Dia 27, às 20h.

Debate com Paulo de Carvalho sobre música. Além de vídeos com apresentações musicais antigas e de uma conversa com Paulo de Carvalho, vocalista da banda Velhas Virgens, Bortolotto sobe ao palco para um pocket show com a Saco de Ratos, ao lado de convidados como Vajman, Paulo de Tharso e Basanelli. A banda, formada por Bortolotto em 2007 é composta pelo baixista Fábio Pagotto, o baterista Rick Vecchione e os guitarristas Fábio Brum e Marcelo Watanabe. Bortolotto assume os vocais e interpreta composições próprias, de letristas como Itamar Assumpção e Cazuza, além de letras escritas por poetas da Praça Roosevelt. Dia 28, às 20h.

Itaú Cultural - Avenida Paulista, 149, São Paulo. Tel.: 2168-1776. Toda a programação é gratuita.




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