Rumores sobre um iminente upgrade da avaliação do Brasil pela agência Fitch e sobre medidas do governo para conter a pressão inflacionária aceleraram a queda do dólar exibida desde o começo da tarde de ontem. A queda externa da moeda norte-americana ante o euro e o iene e o petróleo em recorde histórico também pesaram nas decisões de venda no mercado doméstico.

A moeda norte-americana terminou a R$ 1,641, menor valor em mais de nove anos (em 20 de janeiro de 1999 estava em R$ 1,5735). A expectativa é de que, se saírem o upgrade e as medidas especuladas, poderá chegar a R$ 1,62 no curto prazo.

Durante a sessão doméstica, o fluxo cambial foi fraco e aparentemente equilibrado, com a presença de exportadores na venda e alguma demanda de importadores e para remessas financeiras. No leilão de compra, o BC pode ter adquirido cerca de US$ 60 milhões.

Entre as supostas medidas que o mercado cogita que estariam em estudo pelo governo foram destacadas uma possível elevação da meta de superávit primário do governo (de 3,8% do PIB, atualmente), além da exigência de aumento do patrimônio dos bancos para concessão de crédito e uma eventual elevação do compulsório sobre depósitos a prazo das instituições financeiras.

Essas possibilidades foram bem recebidas pelo mercado porque, se vierem a ser adotadas, o ciclo de alta da taxa básica de juros (Selic) não precisaria ser tão intenso e longo.

Do lado externo, o contrato de petróleo para junho em Nova York encerrou no recorde de US$ 126,29 o barril, após bater máxima de US$ 127,82 por barril durante o dia. As cotações foram pressionadas pelo avanço dos preços dos derivados e com o mercado sensível a problemas na oferta global, especialmente dos tipos de petróleo leves mais procurados.

A elevação da projeção do Goldman Sachs para o preço no segundo semestre (para US$ 141 o barril) e especulações de que a China estaria aumentando as compras de óleo diesel também ajudaram na alta.