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Sindicato dos metalúrgicos
faz 80 anos nesta segunda

Persistência da entidade da região amplia força
nas lutas para melhorar as condições trabalhistas

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
23/09/2013 | 07:05
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Arquivo/DGABC


Cada um dos 80 anos serviu para ampliar a espessura do pilar. Essa é uma metáfora da trajetória do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, que completa oito décadas hoje. O bloco de concreto sofreu com várias marteladas, como as cinco intervenções de governo que a entidade sofreu, que foram compensadas com conquistas que garantiram mais força à estrutura, como a redução da jornada de trabalho de 48 horas semanais para 44 horas, segundo o atual presidente da entidade, Cícero Firmino, o Martinha.

O dirigente avalia que evoluiu a representatividade do sindicato nas lutas trabalhistas. “Hoje os empresários respeitam mais do que naquela época (décadas de 1980 e anteriores). Posso dizer isso sem medo de errar, porque naquela época, eles só conversavam com o sindicato se a máquina estivesse parada. Hoje eles sentam para discutir nossas causas e reivindicações bem antes disso.”

Para o sindicalista, todos os reajustes salariais dos 80 anos são importantes. Mas, para ele, duas conquistas são destaques nas lutas que o sindicato participou. A primeira foi a redução da jornada de trabalho semanal de 48 horas para 44 horas, que entrou na Convenção Coletiva de Trabalho de São Paulo, em 1986, e depois foi introduzida na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. A outra é a obrigação de manutenção de emprego dos sequelados do trabalho. “Desta maneira, nós vencemos na causa social, amparando esses trabalhadores, e também forçando os empresários a investirem em segurança nas fábricas. O sindicato teve grande contribuição nesta luta”, destaca Martinha.

A fundação oficial da entidade ocorre em 23 de setembro de 1933. Mas antes disso, e com o mesmo caráter do seu início legal, já atuava como uma forma de organização representando todas as cidades do Grande ABC desde 1928. Na época, não era exclusividade dos metalúrgicos, mas sim dos operários de todos os setores. Segundo Martinha, o sindicato é o segundo mais antigo da região, atrás da entidade que representava os trabalhadores da construção, e um dos primeiros do País.

Passou por cinco intervenções dos governos. Confrontando, muitas vezes, os anseios da administração, os dirigentes eram retirados do comando do sindicato, que perdia as forças por um ou dois anos.

Martinha recorda que isso ocorreu na década de 1930, 1940, 1960, por duas vezes, e em 1980. Conforme publicou este Diário, que na época era o semanário News Seller, em 5 de abril de 1964, por exemplo, os “sindicatos de classe do ABC ficaram mudos”. Dirigentes da entidade, como aqueles que estavam à frente dos metalúrgicos de Santo André, foram convocados a se apresentar ao Exército Nacional. Eram considerados agitadores. Momento superado e que serviu para aprendizado e fortalecimento, garante Martinha.

DERROTA

Como todo vencedor chega à posição mais alta do pódio após amargurar várias derrotas, a entidade enfrentou várias pedras no caminho. A mais complexa e, talvez, irreversível, foi a perda de aproximadamente 15 mil trabalhadores da base. Culpa da abertura econômica do País, durante o Plano Collor, na década de 1990. Esse processo derrubou algumas barreiras comerciais da época, o que gerou impacto agressivo de competitividade para empresas que não tinham tanta eficiência econômica-financeira e de qualidade de produtos. Por um lado, houve ganho qualitativo na produção. Por outro, companhias migraram, demitiram, quebraram.

“Não tínhamos o que fazer. Naquela época as empresas sofreram demais. Eles demitiram muita gente”, conta Martinha. Ele calcula que a base, que era referente a Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, era de 50 mil trabalhadores. “A maioria em Santo André e Mauá”. Atualmente, com as duas cidades, o sindicato defende 25 mil trabalhadores. 




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