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Eleição nova

O prefeito reeleito Gilberto Kassab, DEM, está na articulação para eleger presidente o governador tucano José Serra

Por Carlos Brickmann
29/10/2008 | 00:00
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Em São Paulo, a eleição de 2010 começou: o prefeito reeleito Gilberto Kassab, DEM, está na articulação para eleger presidente o governador tucano José Serra. As tarefas são múltiplas: manter a aliança DEM-PSDB, atrair o PMDB (disputado pelo PT), buscar novas alianças, escolher o candidato ao Governo paulista, os candidatos ao Senado, definir a posição dos aliados na administração. É complicado; mas Kassab é hábil e tem experiência. Levou seu DEM, que era fraco em São Paulo, ao governo (com Cláudio Lembo) e à Prefeitura.

A disputa pelo governo paulista será decisiva na eleição presidencial. Ninguém tem um candidato óbvio: o PT pode sair com os senadores Aloízio Mercadante ou Eduardo Suplicy, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, reeleito no primeiro turno; ou, quem sabe, dependendo de alguns inquéritos, o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci. E, claro, Marta Suplicy: ela perdeu, mas é determinada e tem estrutura. Está viva.

Também está vivo, do lado tucano, o ex-governador Geraldo Alckmin, outro derrotado na luta pela Prefeitura (com a agravante de que se jogou contra o governador Serra). Ficou mais fraco, mas pode tentar voltar. Os tucanos ainda não têm muitos nomes: Aloysio Nunes Ferreira, secretário de Serra (e, dizem, seu favorito), jamais venceu uma eleição majoritária. Podem optar por um candidato do DEM, como Guilherme Afif Domingos. O importante, tanto para um lado quanto para outro, é não rachar. Quem sai unido tem mais chance.

ELE VOLTOU
Achar que um político de prestígio, porque perdeu uma ou várias eleições, está liquidado, é um erro grave. Amazonino Mendes, por exemplo: foi várias vezes prefeito de Manaus, foi governador do Amazonas. Mas desde 2002 não tinha mandato; e, de lá para cá, perdeu duas eleições. Agora, derrotou sozinho todos os caciques políticos amazonenses, unidos: o governador Eduardo Braga, o prefeito Serafim Corrêa, o senador Arthur Virgílio. Mais: Serafim Corrêa, que o enfrentou, foi o único prefeito de capital a não conseguir a reeleição.

O COMBATE...
A guerra pela presidência da Câmara e do Senado tem um ingrediente secreto: o medo de que o PMDB, fortalecido pelas eleições, se torne ainda mais forte e exija mais posições no governo federal. O costume no Congresso é entregar a presidência à maior bancada - nos dois casos, a do PMDB. Há dois anos, quando o petista Arlindo Chinaglia queria o cargo, o PT assinou com o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, o compromisso de apoiá-lo na eleição seguinte. Temer, mesmo sendo experiente, acreditou no compromisso. A desculpa do PT é que, como o PMDB reivindica também o Senado, o acordo já não tem valor, e o partido pode montar um esquema para derrotar Temer.

...E OS TEMPEROS
Agora, os temperos da receita. O PT gostaria de eleger Tião Viana para a Presidência do Senado, mas Tião é vetado por Renan Calheiros, do PMDB. Calheiros propõe o ex-presidente da República José Sarney para o cargo. E, para segurá-lo - segurando ao mesmo tempo o crescimento do PMDB, do qual Sarney é um dos principais dirigentes - fala-se numa investigação que envolveria o filho do ex-presidente, Fernando. A investigação seria a moeda de troca: Tião Viana na Presidência do Senado, Sarney sem problemas, e Temer na Câmara.

MAU SINAL 1
Pelo menos duas grandes empresas - muito grandes, com forte presença internacional - estão atrasando pagamentos, sem previsão de acerto. As duas alegam que, como seus recebimentos também estão atrasados, não têm como pagar.

MAU SINAL 2
Em reuniões de empresários, a palavra "recessão" foi substituída por "depressão". Em termos mais técnicos, a recessão se caracteriza pela queda do Produto Interno Bruto, PIB, por dois trimestres consecutivos. Depressão é coisa pior. A depressão de 1929 levou uns dez anos para passar.




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