Diarinho Titulo Corpo humano
De onde vêm os nossos cheiros?

Todos podem ter chulé, cê-cê e mau hálito, mas dá para evitá-los com cuidados de higiene

Por Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
09/06/2013 | 07:00
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Quem nunca sentiu cheirinho ruim ao tirar o sapato? Esse fedor é o chulé, que pode surgir em qualquer pessoa. Mas, afinal, por que ocorre? Pensando na questão, Nathan Mignella Greco, 9 anos, de São Caetano, fez uma descoberta. “Aparece quando ficamos muito tempo de tênis. O pé esquenta e começa a suar. Depois, dá chulé.”

Os pés, em geral, transpiram muito. E se usamos sapatos fechados, o suor aumenta ainda mais. Como a região fica úmida e quente, torna-se mais fácil a multiplicação de fungos e bactérias, que produzem substâncias químicas (como gases) que causam o cheiro desagradável.

Para evitar o chulé, tem de usar calçados abertos sempre que possível, tomar banho todo dia e enxugar bem os pés e entre cada dedo. Se mesmo assim o odor não passar, vale ir ao dermatologista. Nesses casos, há tratamentos com talcos especiais, medicações, entre outros métodos.

O cheiro ruim que vem das axilas, conhecido como cê-cê, também aparece por causa do suor e a partir da adolescência, quando a glândula apócrina (relacionada aos hormônios) começa a trabalhar. Ela produz o cheiro natural das pessoas, que pode virar fedor ao se misturar a fungos e bactérias. Por isso, o banho é tão importante. “Precisa usar sabão e xampu, depois pode até passar perfume”, diz Daniel Mignella Greco, 4, de São Caetano. Desodorante também ajuda a evitar o cê-cê.

O mau hálito é outro odor desagradável que, às vezes, sentimos. Costuma estar relacionado a problemas dentários. “Se não escovar os dentes, a boca fica fedida”, afirma Isabella Akemi Araneda, 6 anos, de São Caetano. Além disso, precisa passar o fio dental e ir ao dentista com frequência. Outra causa do problema é a sinusite (doença que causa inflamação na face). Para tratar, tem de procurar o otorrinolaringologista.

Animais também soltam gases

Os animais arrotam e soltam pum como os humanos. Vacas e bois, por exemplo, são conhecidos por produzirem grande quantidade de gases, chegando a soltar 40 litros por hora.

Bicho também pode ter mau hálito. Se tem cáries ou tártaro nos dentes, significa que há bactérias e restos de alimentos na boca que podem dar mau cheiro. O problema é bastante comum em cães e gatos idosos. Por isso, recomenda-se a escovação dos dentes (com pasta apropriada).

Já o chulé não ocorre nos animais, pois as patas são diferentes dos nossos pés. A maioria tem pelos ligados a cascos ou unhas, evitando que a pele fique exposta. Também não têm glândulas que produzem o suor, que pode virar o cê-cê.

NATUREZA - Alguns fedores para o olfato humano são agradáveis e importantes para os animais. Assim como o cão, machos de várias espécies fazem xixi em determinados locais para marcar seu território. A urina do animal tem substância chamada feromona, que exala o cheiro único de cada bicho. Assim, ao passar pelo local, o macho saberá se o espaço pertence a outro.

No caso da fêmea, o odor serve para avisar que ela está pronta para a reprodução. O cheiro de uma cadela, nesse caso, pode ser percebido pelo macho a quilômetros de distância.

Fedor é tática de defesa

O gambá é famoso como animal fedido. Mas solta o cheiro ruim só quando precisa afastar predadores, como o gato-do-mato e aves de rapina. Ele produz o odor horrível em um par de glândulas que ficam perto do ânus. Quando sente-se ameaçado, eleva o traseiro e espirra a substância fedorenta. Outra tática é fingir-se de morto. Com o fedor e imóvel, dá a impressão de que morreu de verdade.

Há diversos bichos com a mesma técnica de fuga, como o percevejo maria-fedida. O cheiro é produzido em glândula localizada no abdômen. Libera quando fica ameaçado por animais como pássaros e aranhas. Seu gosto também pode ser ruim, fazendo com que o bicho que o abocanhou não consiga mastigá-lo.

Outras espécies fedidas para o homem são o cangamba e a raposa (com odor semelhante ao do gambá), castor, hiena (come restos de animais mortos e tem glândulas produtoras de fedor) e o carcaju, mamífero parecido com urso que exala cheiro forte para marcar território.

Pum e arroto são naturais

Sarah Biroli Almeida, 6 anos, de São Caetano, aprendeu na escola que soltar pum é algo natural do organismo. “Todo mundo faz.” Durante a mastigação, engolimos um pouco de ar. Além disso, enquanto o alimento é digerido, formam-se gases no sistema digestivo. Parte deles é absorvida pelo corpo, enquanto a outra é eliminada por meio do pum. Ao sentir vontade, vá ao banheiro para soltá-lo. Se sair sem querer, peça desculpas a quem estiver perto.

O arroto também é maneira de eliminar o excesso de ar que entrou no estômago. Ocorre principalmente quando se fala durante a refeição, come muito rápido e toma refrigerante.

O ideal é arrotar no banheiro também, mas se não der tempo, precisa ser discreto. “Tem de colocar a mão na boca”, afirma Rebeca Biroli Almeida, 6.

Os mais fedidos da ficção

Pumba é o simpático javali do filme O Rei Leão. Não tem muitos amigos por causa de seu cheiro natural, que espanta os outros animais. Vive com Timão, seu grande companheiro.

 

Shrek é o ogro mais adorado das telonas. Vive fazendo porquices no pântano onde mora. Gosta de tomar banho de lama e não tem vergonha de arrotar e soltar pum na frente dos outros. É dono da frase: “Antes para fora do que para dentro”.

 

Cascão, melhor amigo de Cebolinha, da Turma da Mônica, tem pavor de banho e adora sujeira. Por isso, vive com cheiro ruim e rodeado por mosquitinhos. Como não gosta de água, foge até da chuva. Possui um porquinho de estimação chamado Chovinista, que sempre toma banho.

 

DU, da série animada Du, Dudu e Edu, vive fedido. Por comer muita besteira, solta vários arrotos. É bom garoto e também o mais forte do bairro. Seus dois melhores amigos são muito espertos, mas vivem se metendo em confusão.

Consultoria de Joab Trajano Silva, bioquímico do Instituto de Química da UFRJ, da gastroenterologista Ethel Zimberg Chehter e do dermatologista Jefferson Alfredo de Barros, da Faculdade de Medicina do ABC, Ismar Araújo de Moraes, professor de Fisiologia Veterinária da Universidade Federal Fluminense, Silvia Mitiko Nishida, professora do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu, e Carlos Campaner, do Museu de Biologia da USP. 




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