Márcio Bernardes Titulo
Magia ou desrespeito?

Os dribles de Neymar - refletidos na irreverência do atacante - simbolizam o que há de mais belo no futebol

Por Especial para o Diário
09/09/2010 | 00:00
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Os dribles de Neymar - refletidos na irreverência do atacante - simbolizam o que há de mais belo no futebol. Nota dez ao soneto. Isso não se discute. Não é o que vou colocar na balança. Mas os deboches do menino - ao executar o primeiro chapéu no zagueiro Chicão (Corinthians) e o segundo no volante Marcinho Guerreiro (Avaí) - mereceriam críticas do técnico Dorival Júnior e dos cartolas do Santos. Só que eles preferem bajulá-los. Passam a mão na cabeça e acham tudo muito bonito. Assinam embaixo da irresponsabilidade assumida pelo novo reizinho.

No entanto, não misturem. São coisas diferentes. A coreografia mágica sugere assim: quem puder mais chora menos na hora do som da ópera. Como nos tempos de Garrincha, Pelé e Diego Maradona. Ou mesmo de Robinho e Neymar. Mas bailar fora da pista não é igual a menosprezar os adversários no momento em que, como aconteceu, a bola estiver parada.

Se o show é temporariamente interrompido, seria desnecessário - e nada respeitável - firular na frente da plateia. Taí o epicentro da polêmica. O mau da cartolagem - e dos treinadores de autoridade sob suspeita - é usar as leis da conveniência - ou da conivência? - no instante em que os talentos diferenciados estão no auge. Ou no começo do voo. É o caso do bom Neymar, uma das estrelas que mais reluzem nos céus da Vila Belmiro, Pacaembu, Morumbi ou... Não sejamos tão ingênuos ao ponto de negar as evidências. Só que agora o debate é outro. Vamos ver se também o defenderão no dia em que colocarem o garoto na roda representada pelo terceiro tempo do futebol. Já vi esse filme.

HUMILHAÇÃO
Se Neymar é paparicado no ego de quem curte a mais tremenda e merecida badalação na carreira, os jogadores do Atlético-MG, humilhados entre os últimos colocados no Campeonato Brasileiro, poderiam dormir sem ouvir as bobagens do presidente Alexandre Kalil. Que, ao comentar as ameaças de alguns torcedores, aprovaria, segundo ele, as promessas de agressões contra os atletas. Mais ou menos na base do... "Não faria nenhum mal se eles tomassem um cacete no meio da madrugada"... Depois, os dirigentes ainda falam em combater a violência dos vândalos infiltrados nas arquibancadas. Olha só o nível desse cartola. Não é à toa que o Galo afunda na tabela... A culpa nem sempre é do técnico, mas da retaguarda como um todo.

COERÊNCIA
Nota dez. Acostumado a derrubar técnicos ao mínimo balanço do barco no meio do temporais, o São Caetano decidiu, enfim, ignorar a velha teoria de que só eles - os comandantes de campo - são os verdadeiros culpados na hora de cortar as cabeças. Notem a mera coincidência de que, sem os matadores de ofício, até os grandes entram em queda livre. Ao perder o artilheiro Eduardo, que se contundiu no momento errado, o competente Sérgio Guedes viu o Azulão despencar na tabela. Paciência.

DESSE JEITO?
Já tentaram intermediar o retorno do ala-zagueiro Dedimar ao antigo ninho. Tudo inútil. Desconheço de quem seja o veto. Sei apenas de um detalhe: às vezes, a defesa do Santo André oscila. Também não vejo no elenco alguém que, como líder, possa ditar as ordens no esquema de Sérgio Soares. Também constato pontos vulneráveis na equipe. Além do líbero Dedimar, é inaceitável que o versátil ala ou armador do nível de Jaílson, que poderia atuar sabe-se lá em que setor, permaneça emprestado à parceria do Varginha (do futebol mineiro). Faltam maiores alternativas ofensivas, mas liberaram Chiquinho, Jonathan e Renato Dias, três garotos de muito potencial na carreira. De quem é a percepção futurista? Na semana passada, o presidente Ronan Maria Pinto garantiu-me que o time, além de não cair, irá brigar pelo retorno à elite nacional. Desse jeito? Menos mal: o clube deve anunciar hoje o experiente matador Pedrão, ex-Grêmio Barueri, que se desligou do bagunçado Goiás. Ainda bem.




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