Política Titulo
Diretor da Ecosama vai impedir intervenção
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
25/05/2007 | 07:13
Compartilhar notícia


“Na minha cadeira ninguém senta, a não ser por via judicial.” O aviso é do diretor-geral da Ecosama, Dagoberto Antunes da Rocha, que não aceita a intervenção da Prefeitura.

O prefeito de Mauá, Leonel Damo (PV), que adiou para esta sexta-feira o anúncio do nome do interventor, deu sinais de recuo nesta quinta-feira, ao saber da posição do executivo da Ecosama: “Faremos tudo dentro da lei. Aqui ninguém vai entrar à força. Se for preciso iremos conversar para ver a melhor hipótese.”

Na quarta-feira, não estava em seus planos dar satisfações à empresa. Disse que o interventor seria o “presidente da empresa, com autonomia geral. Será o novo regente da Ecosama.” Nesta quinta-feira, no entanto, o discurso foi outro.

O diretor garante que está disposto a receber um representante da Prefeitura para auxiliar no gerenciamento, mas sem que ele tenha poder de decisão. “Se alguém quiser ficar aqui do meu lado, atendendo telefone comigo, eu pouco estou ligando. Agora, controle não.” Ele até manda um recado: “Pode ter certeza que eu nunca vou tentar mexer na Prefeitura. Ele (Damo) que não venha mexer aqui.”

Demonstrando nervosismo e irritação, Dagoberto chega a desafiar o prefeito a rescindir o contrato de concessão: “Ele pode cancelar a hora que quiser, desde que pague na hora os R$ 15 milhões que a Caixa Econômica Federal nos financiou e os R$ 5 milhões que investimos em melhorias na cidade. Isso sem falar no valor da multa rescisória, que a gente faz questão.”

A cada resposta sobre as suspeitas de irregularidades apontadas por MP (Ministério Público) e TCE (Tribunal de Contas do Estado), Dagoberto demonstra mais inquietação.

Sobre a decisão do TCE, que no ano passado julgou irregulares o contrato e a licitação, o diretor questiona: “Como pode isso se eles autorizaram a licitação em 2002, e depois consideraram o processo regular, em 2004? Não consigo entender a mudança de pensamento.”

Chega a falar em “má-fé” o fato de a promotora de Justiça de Mauá Adriana Ribeiro Soares de Morais ter afirmado que a empresa está inadimplente com o ISS (Imposto sobre Serviço), com dívidas de mais de R$ 3 milhões. “Não dá para acreditar que seja apenas falta de conhecimento. Ela deve saber que existe uma legislação federal que garante a isenção de pagamento do imposto a concessionárias de saneamento.” Dagoberto refere-se à Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.

O diretor da companhia de Mauá assume, porém, a dívida de IPTU, de R$ 75,4 mil, do terreno que seria utilizado para a estação de tratamento, que não será mais construída. “Mas a Prefeitura não quer parcelar o débito porque quer incluir os valores anteriores a 2004, quando era de outra empresa. Isso eu não aceito pagar.”

Ele conta que conheceu Zuleido no período da assinatura do contrato com a Prefeitura, e que não fazia idéia de envolvimento do empresário em fraudes de licitações públicas. “Nunca tinha ouvido falar dele antes. Agora a empresa não pode assumir o ônus por uma atitude de um acionista. Eu estou sendo penalizado por algo que não cometi.”

Dagoberto é lacônico ao responder sobre o que achava do envolvimento do acionista da Ecosama no escândalo das licitações públicas fraudulentas: “Será que é só ele?”, indagou.
(Colaborou Bignardi Júnior)



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;