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Nova ‘A Cigarra’ é lançada na Casa das Rosas
Por Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
11/02/2005 | 13:09
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Apresentado no Café Cultura do Shopping Santo André e na unidade do Sesc na mesma cidade em dezembro passado, o número 39 da revista cultural A Cigarra ganha outro lançamento às 19h30 de sexta-feira, desta vez no espaço paulistano Casa das Rosas, na avenida Paulista, em evento com entrada franca. “Vamos aonde o público está”, afirma Jurema Barreto de Souza, responsável pela publicação andreense em parceria com Zhô Bertholini.

A Cigarra, uma das revistas alternativas mais antigas do Brasil, é um espaço sobretudo de poesia, mas que, no entanto, lança olhos gordos (não de inveja) sobre outras linguagens artísticas.

Na nova edição, o foco central é o grafite. A motivação para a abordagem do assunto foi o evento multidisciplinar A Arte do Grafite, realizado em Santo André entre setembro e outubro de 2004.

Sobre grafite há um texto da coordenadora do evento, a artista plástica Paula Caetano, reproduções de grafites na capa e no miolo da revista e ainda poemas criados a partir do tema. Um deles, assinado por Zhô, diz: “Um lance de dedos/ na coreografia dos traços/ tatuagens/ na pele/ do concreto/ arrisco um palpite;/ a senha do muro/ naturalmente/ é o grafite”.

Imagens de autoria do fotojornalista João Colovatti (1945-2001), que atuou no Diário entre 1971 e 1993, também fazem parte da revista. São fotos que integraram a exposição Revelações de um Anti-herói, em cartaz em Santo André de novembro a dezembro do ano passado.

“Tanto o grafite quanto a produção do Colovatti são assuntos que eu e o Zhô não tínhamos intimidade. Tivemos contato com esses trabalhos, gostamos e pensamos que seria útil divulgá-los”, diz Jurema.

Ao longo das 42 páginas da revista, poemas de 25 autores, consagrados e novatos, estão lado a lado. Um dos medalhões representados é Augusto de Campos, pioneiro da poesia concreta, com o belo e inteligente poema visual Mercado.

Um dos maiores nomes da literatura brasileira, Hilda Hilst (1930-2004), também tem espaço em A Cigarra. “E se eu ficasse eterna?/ Demonstrável/ Axioma de pedra”, diz o poema de Hilda que, na publicação, aparece com tom de homenagem, tendo em vista sua recente morte.

De Ademir Antonio Bacca, autor menos conhecido em relação a Augusto de Campos e Hilda Hilst, tem Partilha, poema que diz, por exemplo: “O que tenho para repartir/ são versos mal dormidos,/ maus conselhos/ e fantasias com validade vencida/ pelo cantar de galos precipitados/ alguém se habilita?”.

Ao longo dos 22 anos de história, A Cigarra já apareceu com periodicidades variadas, característica que permanece até hoje por conta da falta de patrocínio.

“Temos de vender esse número para viabilizar o próximo, ainda sem data para sair. Seria bom se tivéssemos um patrocínio, desde que ele não influenciasse na linha editorial. Atualmente, só contamos com apoios”, diz Jurema.

Para o próximo dia 19 está previsto outro lançamento, de novo em Santo André, na livraria Alpharrabio, o único ponto de venda oficial da revista. O número 39 de A Cigarra tem tiragem de 1,5 mil exemplares e o preço é R$ 7.

A Cigarra – Lançamento da revista. Casa das Rosas – av. Paulista, 37, São Paulo. Tel.: 3285-6986. Nesta sexta-feira, às 19h30. Entrada franca. Livraria Alpharrabio – r. Eduardo Monteiro, 151. Santo André. Tel.: 4438-4358. Dia 19, às 16h. Entrada franca.



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