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Tragédia revista
Por Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
03/02/2010 | 07:00
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Três personagens da vida real - o escritor Euclides da Cunha; Anna da Cunha, sua mulher e Dilermando de Assis, amante de Anna - ganham, 100 anos depois de um crime que modificou suas vidas, a chance de redenção e conciliação na peça "Piedade", que estreia sexta (5), no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em São Paulo.

A montagem, que comemora 10 anos da Cia. Bendita Trupe, tem texto de Antônio Rogério Toscano, que há 13 anos leciona na ELT (Escola Livre de Teatro) de Santo André e direção de Johana Albuquerque. Leopoldo Pacheco interpreta Euclides.

O crime, que ficou conhecido como a tragédia da Piedade (em alusão ao bairro carioca onde ocorreu), culminou na morte do consagrado escritor de "Os Sertões" e sempre teve contornos folhetinescos no imaginário popular.

Euclides, um escritor quase modernista, que já trazia à luz um novo olhar ao regionalismo sertanejo, mantinha rigor às convenções sociais e morais de sua época e se importava mais com a atividade intelectual do que com o casamento. Anna, mulher à frente do seu tempo, filha de um dos pilares do movimento republicano, o major Sólon Ribeiro, desejava um amor que correspondesse seus desejos. Dilermando, apaixonado por Anna aos 17 anos, descobriu o prazer nos braços da mulher madura.

Um dia, decidido a limpar a honra, Euclides foi armado à casa de Dilermando, mas acabou assassinado pelo jovem. Anos depois, Dilermando mataria, ainda, Euclides da Cunha Filho, que foi em busca do padrasto, que acabou casado com Anna, para vingar a morte do pai. Dilermando foi absolvido pela Justiça dos dois assassinatos.

"Essa história contém elementos que a tornam mais complexa do que qualquer outro crime passional. Tem picos trágicos que podem ser comparados às tragédias gregas de Ésquilo", conta Toscano.

No palco, um século após o trágico desfecho, os três protagonistas revivem os acontecimentos e lançam um outro olhar sob suas histórias e as dos outros.

"É um diálogo com distanciamento. Eles conversam com liberdade para falar tudo, porque não podem mudar nada. A partir do outro é que eles vão se descobrindo, refazendo sua imagem. Estamos falando de uma história de amor, onde existe a delicadeza da redenção para destruir o véu de criminalidade que envolve essa relação", comenta Johana.

Piedade - Centro Cultural Banco do Brasil - Rua Álvares Penteado, 112. Tel.: 3113-3651. 4ª a sáb., às 19h30; dom., às 18h. Ingr.: R$ 15. Até 21 de março.




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