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Sob Luiz Mario, gestão da FUABC tem descompasso de despesas

Gastos com pessoal registra patamar de R$ 1,5 bi no ano passado e quase 22 mil funcionários

Por Fabio Martins
Raphael Rocha
21/06/2020 | 07:00
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 Levantamento do Diário com base em balanço da FUABC (Fundação do ABC) de 2019 – e divulgado no Portal da Transparência –, último exercício de Luiz Mario Pereira Gomes à frente da entidade, mostra descompasso de gastos, entre volume de receita e despesa, em especial no número relacionado a servidores. Mesmo com o discurso de “máxima austeridade fiscal” antes de assumir o bastão, o então presidente, que retornou às funções de procurador-geral do município de São Bernardo neste ano, pouco mexeu na estrutura onerosa e inchada da máquina.

A instituição sob gestão de Luiz Mario, indicado pelo prefeito Orlando Morando (PSDB), registrou despesa no patamar de R$ 2,42 bilhões no ano passado, ainda em período sem pandemia de Covid-19, enquanto a receita foi de R$ 2,34 bilhões. O valor de gastos superou em 4% o montante gerado no exercício anterior, de 2018 – deste índice, R$ 1,5 bilhão foi empregado com pessoal. A quantia de arrecadação, por outro lado, aumentou apenas 1%. A fundação é mantida por repasse das prefeituras de Santo André, São Bernardo e São Caetano, além de contratos adicionais, a exemplo de prestação de serviços a Mauá, Mogi das Cruzes, Praia Grande e Guarujá.

Luiz Mario alegou, à época, que a base de sua administração seria “bom zelo da coisa pública”. Embora tenha computado leve corte do número de funcionários, quadro da instituição apresentou 21,9 mil colaboradores vinculados. Até mesmo a quantidade lotada na matriz da FUABC registrou mudança insignificante. No começo de 2017, a mantenedora, segundo dados oficiais, contava com 79 colaboradores. Em janeiro deste ano, três anos mais tarde, portanto, quando ele deixou a presidência, o volume caiu para 68 – diferença de somente 11 pessoas no período.

O exercício de 2019, aliás, ficou marcado pela denúncia de apadrinhamento na FUABC. Na oportunidade, reportagem da Rádio CBN apontou lista de 150 nomes de funcionários da entidade que foram nomeados na Organização Social de Saúde por intermédio de políticos – a entidade defende que as ocupações são técnicas, o que não impediu o cenário mesmo nas mantidas. O rol denotou acomodação de aliados e parentes. Entre os indicados, dezenas de candidatos que perderam a eleição municipal de 2016 e que faziam parte dos partidos que integravam a base governista.

A FUABC discordou da comparação da receita total, abrangendo as unidades de saúde, para justificar elevação de gastos e do número de funcionários entre 2018 e 2019. “Houve aumento de funcionários no período e de despesas, da mesma forma em que houve aumento das receitas, tendo em vista que a fundação assumiu novos serviços”, sustentou, ao citar que “é possível verificar claramente que o trabalho de austeridade na mantenedora tem apresentado resultados extremamente satisfatórios”. Frisou que a redução do quadro de funcionários na matriz desde 2017, incluindo o período da sucessora Adriana Stephan, é de cerca de 30%.

Ex-presidente assumiu vaga de acusado de fraude em merenda
Luiz Mario Pereira Gomes entrou no lugar de Carlos Maciel à frente da FUABC (Fundação do ABC) depois que ex-integrante do alto escalão de Orlando Morando (PSDB) entrou na mira da Prato Feito, deflagrada em 2018 para desmontar esquema de desvios de recursos em contratos de merenda escolar. Foi acusado de atuar em conluio com o genro e empresário, Fábio Favaretto, para fraudar processos de licitação. Maciel foi indiciado pela PF, assim como Morando. Para a investigação, o genro atuava como um dos lobistas que praticavam o crime de tráfico de influência ou de corrupção ativa junto a empresários.




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