Depois de uma semana surpreendente no carpete de Lyon, o brasileiro Gustavo Kuerten não resistiu ao cansaço e ao tênis eficiente da revelação francesa Paul-Henri Mathieu e perdeu a final do Grand Prix de Tennis de Lyon por 2 sets a 1, parciais de 4/6, 6/3 e 6/1. Foi o segundo título seguido do jovem tenista francês (20 anos), o segundo em carpete (o outro foi em Moscou, na semana passada).

Guga perdeu a chance de conquistar um título inédito em sua carreira. Foi a primeira final do brasileiro em piso de carpete, superfície que não é sua especialidade. Foi o 7º vice-campeonato da carreira de Guga, que já conta com 17 títulos de simples e oito em duplas. A partir da próxima semana, Gustavo Kuerten disputa o Master Series de Madri, também jogado em carpete. A estréia está marcada para terça-feira, contra o tailandês Parador Srichapan – um adversário inédito para Guga.

A boa campanha em Lyon rendeu a Guga 155 pontos no Ranking de Entradas, em que ele ocupa o 40º lugar, e outros 31 na Corrida dos Campeões, em que ele é o 37º colocado. Nas listas atualizadas que a ATP divulga nesta segunda-feira, Guga deve pular ao 32º lugar da Corrida, com 186 pontos. Nas Entradas, o brasileiro chega a 1.010 e deve pular ao 35º lugar.

Bom começo - Empurrado pela torcida brasileira que compareceu em massa ao Palais de Sports Gerland, Guga teve um início de partida que prometia mais um título. Jogando com muita confiança, forçando os saques e as trocas de bola no fundo de quadra, Gustavo Kuerten quebrou o serviço de Mathieu no 5º game e segurou a vantagem para fechar o set em 6 a 4.

Mas o cansaço passou a comprometer o jogo de Guga no 2º set. O quadro da partida se inverteu e o francês ganhou confiança ao quebrar o saque de Guga logo no segundo game. Encaixando um primeiro saque agressivo e mostrando muita precisão nos golpes de direita, Mathieu se impôs e fez 6 a 3.

O terceiro e decisivo set foi uma mera confirmação do título para Paul-Henri Mathieu. Visivelmente cansado, Guga teve dificuldade para chegar nas bolas devolvidas pelo adversário e quase não ofereceu resistência, amargando três quebras de serviço. O brasileiro chegou até mesmo a pedir atendimento médico para receber massagem nas pernas e tentar 'esfriar' o jogo do francês. Pouco adiantou.

"Deu para segurar quase até o final, mas ele cresceu muito e eu não agüentei", afirmou Guga depois da partida. "Estava cansado para caramba", reclamou. "No 3º set eu já não tinha mais forças para ganhar", contou, lembrando uma semana de partidas difíceis contra o russo Marat Safin, o suíço Mark Rosset e o francês Arnaud Clement – todos os jogos decididos em três sets.

"Fiz três jogos duríssimos nos últimos três dias e realmente o físico não agüentou. Mas foi show. Fui à final pela primeira vez no carpete, logo no primeiro torneio que joguei neste ano. Deu para evoluir bastante e pegar muita confiança", relatou Guga. "O Guga está jogando um tênis fantástico. Nesta final, enquanto ele teve energia, jogou muito bem. Depois do primeiro set o físico caiu e o Mathieu jogou muito", analisou o técnico Larri Passos.

Já Mathieu, 49º colocado na Corrida dos Campeões, foi o quarto francês a conquistar o título do Torneio de Lyon, disputado desde 1987. Antes dele, Yannick Noah (87), Fabrice Santoro (97) e Arnaud Clement (2000) conquistaram o título. "Eu sabia que teria uma chance se entrasse na partida. Guga é uma lenda, o que torna esta vitória mais especial", comentou.

Simpatia - Apesar do cansaço e do abatimento com a derrota, Guga deu um show de simpatia e fez questão de discursar em francês para o público que lotou o ginásio de Lyon. Num francês improvisado, misturando toques de inglês e até italiano, Guga agradeceu o apoio de todos, especialmente do técnico Larri Passos, e cumprimentou Mathieu pela boa vitória. Guga teve até de pedir uma ajuda ao rival para dizer a palavra 'trabalho' em francês. Foi ovacionado de pé.

A torcida brasileira que compareceu em Lyon fez sua parte e gritou o nome de Guga mesmo nos momentos mais difíceis da partida. A derrota não impediu as homenagens dos fãs brasileiros a Guga. Entre o público presente se destacava o volante Juninho Pernambucano, ex-Vasco e hoje no Olympique Lyonnais.