Empresa havia anunciado que encerraria operações na unidade em São Bernardo em julho
Os 300 trabalhadores da unidade da autopeça Kostal, localizada no bairro Pauliceia, em São Bernardo, retornaram ao trabalho ontem, após uma semana de paralisação. O motivo foi que a empresa se comprometeu, em reunião com o SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), a manter a produção da planta até setembro. O objetivo da entidade é buscar alternativas e dialogar para a manutenção da multinacional na região, mas a companhia afirma que a decisão de fechamento é definitiva.
A Kostal anunciou, no início da última semana, o encerramento das atividades em São Bernardo, e em Manaus, no Amazonas, por questões estratégicas. Apenas a unidade de Cravinhos, no Interior paulista, será mantida. A empresa centenária é sediada na Alemanha e produz componentes eletrônicos, eletromecânicos e mecatrônicos destinados à indústria automotiva.
Desde então, começaram as negociações para a manutenção da empresa. Segundo o coordenador de São Bernardo e diretor executivo do SMABC, Genildo Dias, a intenção da empresa era encerrar a produção em julho.
“Nós conseguimos falar com a empresa para estender o prazo e buscar alternativas para que a empresa permaneça. É apenas um adiamento para ver se as partes conseguem encontrar uma solução”, disse ele, reiterando que o intuito é tentar uma negociação em todas as esferas, mas que a empresa alega que a operação está gerando prejuízo. “Já chegamos a conversar com a Prefeitura e pedimos agenda com o governo estadual e a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores)”, informou,
De acordo com o sindicalista, a reunião com a Kostal aconteceu na última sexta-feira, quando foi feito protocolo de entendimento e adiamento do encerramento da produção da unidade. A assembleia para informar aos trabalhadores foi no sábado e o retorno às atividades ocorreu ontem.
Questionada sobre o assunto, a Kostal informou que a decisão é irreversível, porém, permanecerá produzindo até 11 de setembro em São Bernardo, “conforme acordado com o sindicato e os trabalhadores”, informou, em nota.
Mesmo com a situação, Dias afirmou que enquanto a companhia deixar o diálogo aberto, haverá chance de acordo. “Temos esperança de encontrar alternativas. A alegação da empresa é que o mercado caiu muito”, disse.
Anteriormente, a autopeça justificou ao sindicato que ainda que a demanda brasileira seja alta, não é mais financeiramente atrativo manter as atividades. A previsão é a de que após o encerramento das operações, o mercado do País passe a ser suprido pela fábrica do México, que possui acordo comercial com o Brasil.
HISTÓRICO
Presente na região desde a década de 1970, a Kostal é pelo menos a sexta empresa a anunciar que deixará a cidade no último ano. Na semana passada, os trabalhadores chegaram a realizar protesto por causa da demissão anunciada dos 200 funcionários que operam na linha de produção.
Desde julho, o Restaurante São Francisco, a montadora Ford, a Tecnoperfil Taurus, o Restaurante Florestal, a metalúrgica Paschoal e a Mangels decidiram deixar a cidade, resultando em aproximadamente 3.600 empregos a menos.
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