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Mais uma empresa deixará S.Bernardo

Fabricante do setor de autopeças, Kostal é a sexta a fechar em um ano; 300 ficarão sem emprego

Flavia Kurotori
do Diário do Grande ABC
09/06/2020 | 00:06
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Reprodução


O Grupo Kostal comunicou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que irá encerrar a produção nas plantas instaladas em São Bernardo, no bairro Pauliceia, e em Manaus, no Amazonas, em julho. No País, apenas a unidade de Cravinhos, no Interior de São Paulo, será mantida. Ontem, após assembleia, os cerca de 300 funcionários foram favoráveis à paralisação para negociar a permanência da fábrica na cidade.

Segundo Aroaldo Oliveira da Silva, secretário-geral do sindicato, no fim de semana a empresa justificou que o grupo está passando por readequação mundial e, embora a demanda brasileira seja grande, não é mais financeiramente atrativo manter as atividades. “Para ela (a empresa), é mais vantagem produzir no México e exportar para o Brasil, principalmente porque os países têm acordo comercial”, afirmou.

Os trabalhadores reivindicam manutenção da planta e dos empregos no município. No início da tarde de ontem, o sindicato se reuniu com representantes da autopeças. “Estamos cobrando, pensando e discutindo alternativas e, para isso, já acionamos a Prefeitura de São Bernardo e o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. E também queremos pautar com o governo do Estado”, assinalou Silva. Hoje, nova assembleia será realizada.

Ainda que o motivo do encerramento não esteja diretamente relacionado à pandemia do novo coronavírus, o sindicalista considera que o cenário piorou a situação, uma vez que o caixa acabou reduzindo, piorando o capital de giro. Inclusive, os funcionários chegaram a ter os contratos de trabalho suspensos nos parâmetros da MP (Medida Provisória) 936. Desde julho de 2019, esta é a sexta empresa tradicional a anunciar que encerrará as atividades em São Bernardo (leia mais ao lado).

Atualmente, a Kostal produz para o after market, ou seja, peças – tais como componentes eletrônicos, eletromecânicos e mecatrônicos – para reposição. Presente da região desde a década de 1970, a metalúrgica foi fundada em 1912 por Leopold Kostal, na cidade de Ludenscheid, na Alemanha, fabricando os primeiros produtos para a indústria automotiva em 1927.

Em 1973, a autopeças começou a expandir os negócios para fora da Europa, implementando a primeira subsidiária no México. Hoje, na América, ela mantém operações nos Estados Unidos, México e Brasil. No ramo, é conhecida como produtora de alta tecnologia e chegou a ser uma das maiores fornecedoras das montadoras no mundo.

A princípio, o Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC foi informado que o Grupo Kostal encerraria a produção em todas as plantas do País. Contudo, a empresa informou que a unidade do Interior será mantida e que a decisão foi estratégica. A metalúrgica informou, ainda, que “as parcerias comerciais permanecem inalteradas e fortalecidas”.

Em nota, a Prefeitura de São Bernardo afirmou que pediu reunião com a diretoria da empresa assim que soube da notícia pelo sindicato. O encontro está pré-agendado para hoje. “O prefeito Orlando Morando (PSDB) irá fazer todo esforço necessário para que a empresa mantenha sua produção em São Bernardo”, encerrou o comunicado.

Pelo menos seis firmas encerraram as atividades na cidade em um ano

O Grupo Kostal é pelo menos a sexta empresa tradicional a anunciar que irá encerrar as atividades em São Bernardo no último ano. Desde julho, o Restaurante São Francisco, a montadora Ford, a Tecnoperfil Taurus, o Restaurante Florestal e a metalúrgica Paschoal decidiram deixar a cidade, resultando em aproximadamente 3.600 empregos a menos – veja mais na arte abaixo.

Conforme publicado pelo Diário, o município perdeu cerca de 330 empresas entre 2017 e 2018, segundo dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) do Ministério da Economia. Com isso, o número de firmas atingiu o mesmo patamar de 2012.

À época da reportagem, especialistas e sindicatos avaliaram que falta investimento na modernização das fábricas à luz da indústria 4.0 e isso está dificultando a sobrevivência das plantas. Além disso, as empresas ainda sentiam os reflexos da crise que atingiu o País na última década. A solução, de acordo com eles, seria investimento público e coordenação de atores em prol do desenvolvimento. 




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