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CPI: dono da Incal leva 15 kg de papéis a senadores
Por Do Diário do Grande ABC
29/06/1999 | 11:36
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Começou na manha desta terça-feira o depoimento dos empreiteiros Fábio Monteiro de Barros Filho e José Eduardo Ferraz, donos da Incal e Ikal, na CPI do Judiciário. Eles sao acusados de desviar R$ 162,28 milhoes dos R$ 222,62 milhoes repassados às obras do Fórum trabalhista de Sao Paulo. No início da sessao, Monteiro de Barros distribuiu a cada um dos 17 senadores da Comissao cerca de 15 kg de documentos que fazem parte de sua defesa.

Todos se surpreenderam com a atitude do empresário, já que a análise dos calhamaços provocaria um grande atraso nos trabalhos da CPI. O presidente da CPI, senador José Eduardo Dutra (PT-SE) reagiu negativamente ao pedido do empresário, e requisitou aos assessores da Comissao o levantamento dos telefonemas de Fábio Monteiro e José Ferraz nos últimos 30 dias.

Além de ter supostamente participado do superfaturamento das obras do Fórum, que permanece inacabadp, os empreiteiros teriam feito a "lavagem" de parte do dinheiro desviado, antes de o depositar na conta de inúmeras empresas. Um grupo de quatro empresas do senador Luiz Estevao (PMDB-DF) recebeu 19 cheques no valor de R$ 5,11 milhoes da Incal. Estevao disse que fez "negócios normais" com essa empresa, mas nao explicou do que se trata. O requerimento convocando-o para depor deve ser votado nesta terça-feira pela comissao. Dutra deve questionar os empreiteiros sobre a ligaçao que mantém com Estevao. A previsao de membros da comissao é que os empreiteiros vao imitar o ex-presidente do TRT de Sao Paulo Nicolau dos Santos Neto, que, no depoimento, se calou para nao se incriminar ainda mais com as respostas.

Investigaçoes - Nos depoimentos de nesta segunda-feira à noite, a CPI do Judiciário nao conseguiu avançar nas investigaçoes sobre irregularidades praticadas pelo ex-presidente do TRT do Rio, juiz Mello Porto. A advogada Laila Kezen Machado Fonseca, a juíza classista Nair Aparecida Guimaraes e a ex-classista Ana Telma Wainstock defenderam Porto. Nair chocou os senadores pelo despreparo. Indicada para o cargo primeiramente pelo Sindicato dos Práticos de Farmácia, ela disse que esqueceu o nome das farmácias onde teria trabalhado antes de atuar como classista. Hoje representante da Federaçao dos Empregados no Comércio do Rio, ela respondeu aos senadores que tem como formaçao profissinal "um monte de cursos, o segundo grau e cursos de inglês".

"Se eu soubesse que teria tantos urubus atrás de mim, eu nao teria vindo", afirmou, depois de depor, ao tentar se livrar dos repórteres e fotógrafos.

O pai dela, Lauriano Furtado, presidente da Federaçao dos Empregados do Comércio do Rio, foi pedir satisfaçao ao senador Carlos Wilson (PSDB-PE) sobre as afirmaçoes negativas que ele fez sobre os classistas. Wilson respondeu que a filha dele era um exemplo do que nao se deve esperar numa juíza. Nair confessou aos senadores que faz uso de remédios controlados. As três foram chamadas pela CPI para explicar as afirmaçoes que fazem na conversa grampeada pelo jornalista Eduardo Homem de Carvalho.

Laila fala de como conseguir ganhar as falsas licitaçoes para operar os restaurantes do TRT do Rio. Ela afirma, na fita, que conseguiu comprar um apartamento de 260 metros quadrados. Nair afirma na fita que nao vai ficar pobre e que "rola muita grana" no tribunal. As duas negaram ser as interlocutoras da conversa grampeada. Já Ana Telma reconheceu que a fala era sua. Na fita, ele fala em fazer "cheque aqui, cheque acolá" como se estivesse se referindo ao papel de classistas. Chorando, a ex-juíza disse aos senadores que se referia ao verbo "checar" e nao em dinheiro.




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