Cultura & Lazer Titulo Música
Chico César brinca com sons e letras em novo trabalho

Cantor apresenta novo disco, quebra preconceitos e tece críticas

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
28/10/2019 | 07:00
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Divulgação


A ousadia de experimentar. A possibilidade de não deixar que um segundo sequer seja usado em vão. Amor e temáticas políticas. Pitadas de música sessentista, quase que psicodélica, com rock, blues e reggae. Tudo isso está no mesmo balaio, o de O Amor é um Ato Revolucionário, novo disco do cantor e compositor paraibano Chico César. O álbum é ilustrado por 13 canções. 

Chico brinca com as palavras, que parecem dançar como se não tivessem tempo disponível para perder, em Minha Morena. Mesmo não sendo uma pessoa religiosa, como ele mesmo explica, o cantor sempre se referiu à ancestralidade africana. “É algo inerente a meu pan-africanismo”, afirma. Essa ideia também é exposta em As Negras.

A quebra de preconceitos está presente na nova obra. Falar de amor para ele não é clichê. E o faz com responsabilidade. Para ele, trata-se, realmente, de um ato revolucionário. “O amor faz medo aos odientos e aos que, por meio das instituições, do Estado e das igrejas, tentam cercear o direito ao amor e às diversas formas de amar”, afirma.

E a faixa que dá nome ao disco conta com a participação de Luiz Carlini, da veterana banda paulistana de rock Tutti- Frutti e ex-parceiro de palco de Rita Lee. Chico conta que já faz mais de 20 anos que estão se prometendo uma colaboração. “Desde que nos conhecemos na casa de uma fotógrafa amiga. É um disco de rock, com espírito de banda. Hora de chamar o amigo, um guitarrista histórico”, diz.

Além de falar do emocional, Chico tece as críticas que acha necessárias, como faz em Cruviana. Ele explica que se trata de uma música com o espírito dos Mutantes (banda paulistana surgida nos anos 1960), da sátira, que se autodesmascara. “Gosto bastante por não ser sisuda e ser explicitamente iconoclasta com a sociedade hipócrita e mesquinha de nosso tempo e seus próceres, falsos heróis”, afirma.

O cantor explica que O Amor é um Ato Revolucionário é resultado de uma vida toda de experiência. “Não trabalho especificamente para um disco e cada disco é fruto de minhas vivências anteriores, mas também de tudo já vivido, desde minhas primeiras experiências com música”, diz. E cada álbum, segundo ele, apresenta uma tradução em polaróide sonora de como essas vivências se apresentam naquele momento.

Além da de Chico, o disco conta com vozes de mulheres, representadas por Agnes Nunes, em De Peito Aberto, e Flaira Ferro, no tema Cruviana. “Achei importante ter vozes jovens, femininas e nordestinas no trabalho: Agnes, paraibana, e Flaira, pernambucana. Somos Estados irmãos e de grande efervescência criativa, sempre. É fundamental ouvir as mulheres e, sempre que possível, dizer com elas.”

O Amor é um Ato Revolucionário é um trabalho que foi registrado de forma orgânica, que prefere deixar mais de lado a interferência digital. “O Aos Vivos, meu primeiro disco, é assim e o disco imediatamente anterior, Estado de Poesia, também”, explica. Chico gosta de trabalhar bastante a pré-produção para quando entrar no estúdio as ideias com o grupo, com a banda, fluírem organicamente com todos tocando e registrando tudo ao mesmo tempo. “Assim a pós-produção fica mais enxuta e a essência transparece”, diz. 




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