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'Última Parada - 174' é ficção a partir de caso real
Carla Navarrete
Do Diário OnLine
24/10/2008 | 07:11
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Bruno Barreto idealizou a história de seu mais novo filme após assistir ao documentário "Ônibus 174" (2002), de José Padilha, sobre o caso ocorrido no Rio de Janeiro que havia chocado o país dois anos antes. A imagem que chamou sua atenção foi a da mãe adotiva de Sandro do Nascimento, o seqüestrador do coletivo, como a única pessoa presente no enterro do rapaz de 22 anos morto pela polícia.

"Padilha me disse que eu tinha acertado na mosca - sem dúvida a vida daquela mulher poderia ser um filme à parte", declarou o diretor de "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976) e "O que É Isso, Companheiro?" (1997). É essa história que ele conta em "Última Parada - 174" (veja o trailer), que estréia nesta sexta-feira nos cinemas do Grande ABC e de São Paulo. O longa, aliás, foi escolhido como o candidato brasileiro à vaga de melhor filme estrangeiro no Oscar 2009.

Barreto dirigiu uma trama ficcional sobre a vida de Sandro, com roteiro de Bráulio Mantovani ("Cidade de Deus"). O ponto de partida é quando a então viciada em drogas Marisa (Cris Vianna, a Sabrina de "Duas Caras", irreconhecível no longa) tem o seu filho Alessandro levado ainda bebê por um traficante para quem ela devia dinheiro.

Dez anos depois, em outra parte do Rio, o menino Sandro vê sua mãe ser assassinada e decide fugir para a rua, onde passa a viver junto com outros meninos na região da Candelária, cheirando cola e realizando pequenos roubos. Após sete anos, Marisa - agora uma evangélica dedicada - descobre que o traficante que levou seu bebê foi morto, e decide ir em busca do filho.

Por uma confusão de nomes, Marisa pensa que Sandro (Michel Gomes) é o seu menino. E o jovem órfão acaba abraçando a idéia da mãe adotiva. Em meio a isso, a trama se desenvolve até o final que todos já conhecem.

Para quem assistiu ao documentário ou acompanhou o caso pela TV, muitos dos fatos ocorridos na história real serão relembrados. Porém, outros podem soar estranhos, como a proximidade temporal da Chacina da Candelária, ocorrida em 1993, com o seqüestro do ônibus, em 2000. No filme, eles acontecem em um período próximo um do outro, parte da "licença poética" que o roteirista se permitiu para deixar a narrativa a seu gosto.

À primeira vista, pode parecer que ‘Última Parada' é mais um filme sobre a violência no Rio, como "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite". Mas ele não deve deixar bordões como "Dadinho é o c..., meu nome é Zé Pequeno" ou "Pede pra sair". Barreto escolheu outro caminho, mais sensível e emotivo, além da realidade nua e crua.

Como o próprio diretor definiu, o filme mostra os personagens de dentro para fora, trazendo um novo retrato da sociedade que vive à margem da sociedade que conhecemos. Tanto este longa quanto os outros já mostrados são válidos de ser vistos.




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