Disciplina, leitura, estudo e dedicação. Essas são apenas algumas das habilidades trabalhadas nas aulas de teatro do professor de Artes da Escola Estadual Padre Afonso Paschotte, de Mauá, Ronaldo Morais. A disciplina foi levada tanto a sério que os 14 alunos, atores do elenco da peça o Auto da barca do Inferno, foram premiados como melhor espetáculo do ano de 2017, no 4º Festival de Teatro Estudantil de Mogi das Cruzes, ao concorrem com outros 19 grupos.

Os estudantes, que mostraram aptidão para a arte em sala de aula, também fazem parte da ONG Quartum Crescente (Rua Travessa Rio de Contas, 269. Tel.: 4519-5948), instalada no Jardim Oratório, em Mauá, há 33 anos. Por meio do trabalho sociocultural desenvolvido no local, qualquer pessoa que tenha interesse, morando ou não na cidade, pode fazer aula de teatro, danças flamenca e contemporânea, balé, violão, ginástica acrobática e cirscense, além do taekwondo (arte marcial), gratuitamente.

“Ficamos muito felizes em sermos premiados. O grupo é muito unido e, apesar dos problemas, sempre conseguimos vencer. O título foi consequência de todo um trabalho e esforço”, conta Maria Eduarda Fernandes da Silva, 16 anos, da escola estadual e atriz do elenco.

Ela já faz parte do grupo há dois anos e hoje realiza na ONG aula de circo, dança flamenca e o taekwondo. “Da escola fui encaminhada à Quartum e fico feliz por isso. Nesse tempo desenvolvi muitas coisas, como falar em público, ter autoestima, me concentrar nas aulas, já que perdia fácil a atenção. E o teatro me deu tudo isso”, analisa a menina.

Outro ator que compõe o grupo premiado é Anderson Soares da Silva, 16. Segundo ele, esse foi apenas o primeiro passo “para um grande caminho no meio artístico, e que daqui as coisas vão começar a ficar sérias”.

Além do título de melhor espetáculo, o grupo levou também nas categorias melhor maquiagem e melhor sonoplastia, e o jovem Marcos Gabriel Guilherme de Oliveira, 17, recebeu o prêmio de melhor ator.

“Tudo nasceu nas aulas de arte dentro da sala de aula. As pessoas precisam entender que essa disciplina ajuda a formar, antes de tudo, o cidadão. Música, trabalho corporal, concentração, tudo isso ajuda na autoestima, na formação acadêmica, já que trabalhamos muito com a Língua Portuguesa e literatura”, acrescenta o professor Morais, que dirige o espetáculo e é fundador da Quartum Crescente.

“Estamos aqui para complementar o que eles aprendem na escola, de forma lúdica, e também para que eles possam descobrir outras habilidades”, explica Allan Teixeira, presidente da ONG.

Ainda em dúvida em qual carreira seguir, Maria Eduarda vê a importância do teatro em qualquer função que venha a exercer. “Essa disciplina não forma apenas atores, mas sim, profissionais melhores. Muitas coisas que aprendo se aplica a carreira do médico, do professor e a qualquer outra profissão. Vou levar os ensinamentos para a vida.”