Quatro regiões da Bolívia, encabeçadas pelo rico departamento de Santa Cruz, realizaram um ato espontâneo em que convocaram uma assembléia para 15 de dezembro para definir sua autonomia e abrir a passagem para a criação da chamada "Nação das Planícies", uma decisão extrema que o governo de Evo Morales rejeitou veementemente neste sábado.
O governador de Santa Cruz, Rubén Costas, proclamou a celebração da assembléia num inflamado discurso ante uma multidão concentrada na sexta-feira na Praça das Armas, o que agrava ainda mais a disputa entre o governo e a oposição pelo controle da Assembléia Constituinte.
Em seu discurso em que proclamou seu "grito de independência", Costas voltou a reclamar autonomia política e administrativa para essa região e as de Beni, Pando e Tarija e chamou o presidente Morales, sem dizer seu nome, de "ignorante desgraçado".
A convocação, surgida de maneira espontânea e sem um acordo ainda entre governadores e líderes de entidades cidadãs dessas quatro regiões, provocou uma reação irada do vice-presidente Alvaro García. "A unidade da pátria não está em discussão, a pátria é apenas uma", afirmou ele, durante coletiva de imprensa em La Paz.
A convocação de independência da "Nação das Planícies" enfrentou um primeiro racha quando o senador de Beni, Walter Guiteras, proeminente opositor, disse não concordar com isso. Seu colega oficialista Guido Guardia pediu a Morales que aceite a exigência da oposição que, com greves de fome e outras pressões, exige um novo sistema de voto na Constituinte.
Enquanto o partido da situação aprovou que as decisões sejam tomadas por maioria de 50%, o que lhe permite atuar sem consenso, a oposição luta para que a aprovação seja de dois terços. Nos últimos anos se aprofundou o abismo entre essas quatro regiões de planície e as andinas, onde estão La Paz, Potosí, Cochabamba, Oruro e Chuquisaca.