Um erro do cerimonial do Parlamento japonês expôs o casal presidencial brasileiro a mais uma cena embaraçosa nesta quinta, ao final do discurso de Luiz Inácio Lula da Silva no plenário. Ao seguir a indicação da presidente do Senado, Chikage Oogi, para acompanhá-la para fora do salão, Lula não titubeou. Porém, deixou dona Marisa Letícia para trás, que permanecia sentada ao lado do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Quando as outras autoridades começavam a retirar-se por uma porta lateral, a primeira-dama levantou-se, desfilou pela parte central da tribuna, em um tailleur vermelho, e seguiu o mesmo trajeto do marido.

Autoridades brasileiras apressaram-se a esclarecer à imprensa que o presidente não havia esquecido dona Marisa e que não houve falha da chancelaria japonesa. De fato, o equívoco foi atribuído por diplomatas japoneses ao cerimonial do Senado que, nos planos da visita, havia previsto o ingresso do "casal presidencial" no recinto, mas havia mencionado apenas "presidente do Brasil sai do plenário". Dona Marisa foi omitida do esquema.

Do plenário, a cena foi assistida pelo primeiro-ministro, Junichiro Koizumi, que acompanhou o discurso do presidente Lula em sinal de clara deferência. No elegante salão, em estilo vitoriano, um escorregão na tradicional busca japonesa pela perfeição podia ser observada na própria tribuna. Presas em frágeis tripés, as bandeiras do Brasil e do Japão foram coladas à parede com fita crepe, na última hora.

Essa não é a primeira vez que dona Marisa é deixada para trás em ocasiões cerimoniosas. Em julho de 2003, na Espanha, ao chegar ao Palácio Zarzuela, para uma audiência com o rei Juan Carlos, Lula saltou de um reluzente Rolls-Royce preto e um guarda real fechou a porta, com dona Marisa dentro do automóvel. A falha foi imediatamente percebida pelo rei que, galante, resgatou a primeira-dama brasileira com mil pedidos de desculpas e beijou-lhe a mão.