A tecnologia do presente trouxe de volta situação comum no passado: a consulta médica em domicílio. Essa é a proposta do aplicativo Docway, popularmente chamado de Uber da Saúde. Lançado em setembro de 2015, em Curitiba, no Paraná, a ferramenta chegou a São Paulo neste ano. Por enquanto, 139 médicos atendem no Grande ABC, nas áreas de clínica geral, ginecologia, pediatria, cardiologia, urologia, ortopedia, dermatologia, entre outras.

“A ideia surgiu para resolver o problema de acesso à consulta médica rápida, pois hoje a espera é de meses e até anos. A mesma dificuldade acontece também no mercado privado”, fala o fundador do Docway, Fábio Tiepolo.

O aplicativo, que roda nos sistemas Android e IOS, pode ser baixado gratuitamente no celular, pelo Google Play ou App Store. Até o momento, mais de 5.000 downloads foram feitos.

O usuário pode solicitar a consulta com atendimento em até três horas ou agendar o dia e horário em que quer receber o médico. Ainda é possível visualizar lista de especialistas e os valores cobrados. Na primeira opção, o Diário tentou fazer a solicitação, porém, um aviso informou que “ainda não é possível utilizar o Peça Agora” na região. Segundo Tiepolo, a disponibilidade depende de ter ao menos cinco profissionais com o sistema Peça Agora ligado, para garantir o atendimento em três horas. “Esse serviço oscila. No meio da tarde, por exemplo, é provável que os médicos estejam em atendimento”, explica. O Diário também tentou no período noturno e no fim de semana, mas também não foi possível fazer o pedido.

As consultas não têm preço fixo, variam de acordo com o atendimento e a especialidade. A média para clínico geral, por exemplo, é de R$ 200. O aplicativo também oferece a marcação de vacinas e coleta de exames, sendo que, neste último, na tentativa da reportagem, consta “dados não encontrados para a sua região.”

O pagamento é feito pelo próprio aplicativo, por cartão de crédito, e a Docway fica com uma fatia de 15%. Se o paciente tiver plano de Saúde, é aconselhado verificar com a operadora a possibilidade de reembolso.

O objetivo é que, até o próximo mês, o aplicativo atenda todas as capitais do País e, em 2017, adentre ao mercado internacional.

“É uma área muito complexa, mas esperamos fazer o bem para as pessoas. Quanto antes puder cuidar dos problemas de saúde, melhor, e o envio rápido do médico faz toda a diferença”, conclui Tiepolo.

Especialista alerta para alguns cuidados

A utilização de aplicativo que permite ao paciente solicitar consultas médicas em domicílio, através do celular, requer alguns cuidados, segundo o advogado especialista em Direito à Saúde Luciano Correia Bueno Brandão. “Vale a pena se certificar de que o profissional está regularmente inscrito no CRM (Conselho Regional de Medicina) e buscar referências. Além disso, o paciente deve documentar a solicitação da consulta e guardar o recibo do pagamento para que, em caso de necessidade, possa questionar qualquer problema”, destaca.

“Já o médico deve documentar as consultas, elaborando prontuário de atendimento e mantendo cópia das prescrições”, ressalta Brandão, que vê a iniciativa com bons olhos. “A tecnologia permite maior comodidade do paciente em ser atendido em sua residência e melhor remuneração para o médico, principalmente aquele em início de carreira, que talvez ainda não tenha um consultório fixo.”