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Falta até papel higiênico nas escolas de Diadema

Unidades de ensino funcionam em condições
precárias por conta dos problemas financeiros

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
Leonardo Santos
especial para o Diário
15/02/2016 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Problemas estruturais, ausência de professores, atraso na entrega dos uniformes e até falta de itens básicos, como papel higiênico. Este é o cenário que alunos e funcionários da rede municipal de Diadema têm encontrado no início do ano letivo nas escolas da cidade.

A rede municipal tem hoje 45 unidades, cujos problemas causam indignação aos pais. Na escola José Martins da Silva, no Sapopema, por exemplo, funcionários recomendaram que os alunos tragam papel higiênico de casa, tendo em vista que o Executivo não estaria fornecendo o produto essencial de higiene.

O pedido causou estranheza à dona de casa Francisca Vitorino, 59 anos, cuja neta estuda na unidade de ensino. “Minha filha esteve na reunião de pais e pediram para trazer papel higiênico de casa”, conta. Segundo ela, a direção da escola alegou que está arcando com diversas despesas que deveriam ser da administração municipal, como papel sulfite, giz e materiais para uso em sala de aula.

Na escola municipal Professor Francisco Daniel Trivinho, localizada na Vila Conceição, falha no teto da instituição causou goteiras na quinta-feira, de acordo com pais de alunos. “Tive de comprar massinha e imprimir folhas na minha casa para levar atividades para os alunos”, conta uma funcionária, que preferiu não se identificar. “Temos, em média, 90 crianças durante o recreio e elas não têm espaço para brincar, os locais estão em manutenção há tempos”, declara.

Para agravar a situação, pais têm reclamado da alimentação fornecida pela rede municipal. Segundo eles, a merenda não tem variedade. “É sempre pão com alguma coisa. A variação deles é geleia, maionese ou manteiga. Não dão frutas para as crianças”, comenta a professora Josiane Cenni, 29, mãe de uma aluna. “Não quero que minha filha inicie o primeiro ano dela dessa maneira. Quero que tenha uma boa relação com o ambiente de ensino”, salienta.

De acordo com a professora e também vice-presidente do Sindema (Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema) Mara Neide Hora, os relatos retratam de forma clara o abandono da Educação na cidade. “Vamos iniciar o ano com muitas instituições sem material escolar. Não temos previsão para receber itens básicos para o trabalho como sulfite, giz e caderno ”, revela.

O secretário de Educação, Marcos Michels (PV) garantiu em entrevista ao Diário que todos os problemas citados pela comunidade escolar eram desconhecidos por ele, mas que serão apurados ao longo desta semana. “Até onde sei temos papel higiênico. Mesmo assim, vamos verificar caso a caso.”

Segundo o secretário, a Pasta tem enfrentado dificuldades no orçamento. Só no ano passado foram R$ 25 milhões a menos provenientes do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que não foram repassados para a Educação. “Sabemos que temos muitas coisas para resolver. Uma delas é o muro caído da escola Dr. José Martins da Silva. É nossa prioridade resolver isso. Vamos realizar estas intervenções na medida do possível.”

Para agravar a situação, a licitação para compra dos uniformes, que deveria ter sido finalizada na sexta-feira, teve novo impasse e não tem mais previsão de retomada. “O Tribunal de Justiça questionou alguns itens, e agora vamos ter que responder isso a eles para depois retomar o processo”. Enquanto isso, estudantes ficarão sem os kits de vestimenta. A expectativa é de que os alunos recebam nos próximos dias materiais escolares, conforme Michels.




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