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CD e DVD duplos reúne sucessos da Jovem Guardas
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
05/12/2005 | 08:49
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Nesses tempos de canções descartáveis e ídolos instantâneos, pouquíssimos artistas conseguem construir carreiras que sobrevivem a modismos e às turbulências do combalido mercado fonográfico brasileiro. Quem se mantém sob os holofotes até a estação seguinte pode se dar por satisfeito. E é justamente a reafirmação do valor histórico de um movimento que continua relevante no cenário musical após quatro décadas, o maior mérito do CD e DVD duplos Jovem Guarda – 40 Anos de Rock Brasil (EMI, R$ 33 e R$ 53 em média, respectivamente), que reúne os grandes sucessos de Erasmos Carlos, Wanderléa, The Fevers e Golden Boys.

Gravado ao vivo na casa de shows paulistana Tom Brasil, em agosto passado, o repertório do disco é recheado de clássicos do iê-iê-iê brasileiro. O Fevers fez o show de abertura e apresentou canções que ficaram impregnadas na memória afetiva e musical do público, como A Volta, Era um Garoto que como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones, Esqueça e Menina Linda.

Já o Golden Boys levantou a platéia com Eu Não Sabia que Você Existia, É Papo Firme, Namoradinha de um Amigo Meu, Devolva-Me e Pobre Menina (estas duas últimas resgatadas do repertório da dupla Leno e Lilian). Não deixa de ser interessante constatar que, apesar de ter sido taxada de alienada e mero pastiche do rock internacional, a Jovem Guarda ia além das baladas românticas de rimas previsíveis.

Muito antes do Planet Hemp causar polêmica ao abordar o consumo de maconha em seus discos, os Golden Boys, ainda que de maneira velada e com uma ingenuidade quase pueril, cantaram sobre o tema. "Ê, que fumacera/Tá saindo lá de lá/ Tá queimando alguma coisa/ Tá botando pra quebrar (...)/ Ou então é a Zefinha, que prepara o meu jantar/ Se não for o João da Nega, que fugiu para fumar", diz um dos trechos da ambígua canção.

Celebração– Wanderléa, por sua vez, prova que os anos passaram, sua voz pode falhar de vez em quando, mas ainda é capaz de cantar com o mesmo vigor da época em que era carinhosamente chamada de Ternurinha. Entre outros hits, a cantora interpretou as baladas Foi Assim (Juventude e Ternura), É Tempo do Amor, Boa Noite Meu Bem, Prova de Fogo e a antológica Pare o Casamento.

Eterno parceiro de Roberto, o cantor Erasmo Carlos, que sempre representou a vertente mais roqueira e rebelde da Jovem Guarda, cantou um medley com os primeiros sucessos do movimento, Splish Splash, Terror dos Namorados e É Proibido Fumar. Também foram incluídas em seu repertório as baladas Sentado à Beira do Caminho e O Caderninho. Ao final do show, em clima de celebração, todos subiram ao palco para interpretar Festa de Arromba.

Histórico – O projeto Jovem Guarda – 40 Anos de Rock Brasil inclui ainda o lançamento de dois DVDs, com o registro do show no Tom Brasil e um documentário sobre a história do movimento, que se confunde com a do rock tupiniquim. Além dos artistas envolvidos, a produção traz muitas imagens de arquivo e depoimentos de personalidades e músicos de diversas gerações, entre eles Nando Reis, Rogério Flausino (Jota Quest), Roberto Frejat, Pitty e Eduardo Araújo.

Quem não viveu os embalos daquelas tardes de domingo, quando eram exibidos na TV Record os programas da Jovem Guarda, poderá se livrar de alguns preconceitos e entender a revolução comportamental provocada pelo movimento. "Foi um grande momento da expansão da moda jovem no país. Não existia um referencial. Antes da gente, era o pai e a mãe que escolhia o que o jovem deveria usar", sintetiza Wanderléa.




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