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Medicina do ABC vai punir veteranos
Por Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
24/02/2006 | 08:25
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O diretor da Faculdade de Medicina do ABC, Luiz Henrique Paschoal, promete punir os veteranos envolvidos em trotes violentos. O resultado de sindicância para apurar os supostos abusos sai no dia 3 de março. Mas, mesmo antes do resultado, o diretor adianta que, pelo que foi apurado, há a certeza de que ocorreu trote dentro do campus da faculdade, prática proibida por lei.

Paschoal afirma que veteranos do 6º ano foram reconhecidos por vítimas de trotes violentos. Ele também confirma denúncia de que uma caloura teria sofrido de ensolação durante os trotes. Outro rapaz teria ser desidratado e passado mal. Quinta-feira, mais uma mãe revoltada, em conversa com a reportagem, afirmou que seu filho ficou de joelhos durante quatro horas e foi obrigado a ficar só de cueca dentro do campus da faculdade. "Os meninos ficaram sem roupa e as meninas ajoelhadas em volta", conta a mulher, que pediu para não ser identificada por medo de represálias.

"A meu ver, a punição contra esses veteranos tem de ser exemplar. Porque essa prática, além de proibida, é inadmissível. Sou a favor do trote solidário, que já é promovido pela faculdade", afirma o diretor Paschoal. Ele relata que foram identificados estudantes que pegaram os novatos no fim da tarde e os levaram para dentro da Atlética, onde teriam sido praticados os trotes.

Desde segunda-feira, mães revoltadas com os supostos abusos têm ligado à redação do Diário. Todos os dias, parentes dos calouros se reúnem no campus da universidade para protestar e impedir que haja trote violentos. Segundo parentes dos calouros, alguns estudantes foram obrigados a ficar dentro de uma piscina de lama e ingerir pimenta.

Na última segunda-feira, a Polícia Militar foi chamada ao campus da faculdade. Segundo a corporação, duas viaturas compareceram ao local, após ligação da mãe de um estudante. A mulher teria se assustado ao ouvir gritos vindos de dentro de uma sala de aula depois da entrada de membros da Atlética.

Veteranos entrevistados afirmam que não é realizada qualquer espécie de trote dentro da faculdade. Somente o pedágio, que dura cerca de duas semanas, e que, segundo eles, é realizado para financiar o Camed, jogos universitários do qual participam calouros de várias faculdades de medicina.

Segundo eles, os calouros recebem água à vontade e lanche, antes e depois da coleta de dinheiro. O presidente da Atlética, Gabriel Teixeira, garante que ninguém é obrigado ou coagido a participar da atividade.

A Faculdade de Medicina do ABC tem histórico de trotes violentos. Em 2004, 600 alunos foram suspensos acusados de envolvimento com a prática ilegal.




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