Esportes Titulo Futebol
Água Santa a 90 minutos do paraíso

Netuno tem a faca e o queijo nas mãos
para disputar o Paulistão em 2016

Felipe Simões
Do Diário do Grande ABC
03/05/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Chegou o momento que o torcedor, os jogadores, a comissão técnica e a diretoria do Água Santa tanto esperavam. A partir das 10h, contra o Velo Clube, em Rio Claro, o Netuno escreve mais um capítulo importante de sua curta, mas vitoriosa história no futebol profissional. Quatro anos após deixar a várzea e disputar três competições oficiais, o clube diademense caminha a passos largos para seu terceiro acesso seguido, desta vez à elite do futebol paulista, concretizando, assim, a ascensão mais meteórica entre os clubes do Grande ABC e da história recente no torneio estadual.

E tudo conspira a favor do Água Santa, que, mesmo com derrota, tem grandes chances de subir. Isso porque, além de Oeste (quarto) e Independente (quinto) se enfrentarem e eliminar um ou outro, o Mirassol (sexto), que recebe o União Barbarense, precisa torcer por revés dos diademenses e ainda aplicar goleada histórica para tirar diferença do saldo de gols, que hoje é de 15 a seis. Por exemplo, se o Netuno for vencido por 1 a 0, o Leão precisaria triunfar por 9 a 0 para igualar o número de pontos e vitórias e superar o clube da região no saldo. Na Série A-2, a maior goleada foi da Ferroviária, que aplicou 7 a 1 sobre o Monte Azul, na 13ª rodada. Já o Mirassol teve como melhor placar os 3 a 0 sobre o Oeste, pela 14ª rodada.

Apesar de todo o cenário favorável, o técnico Márcio Ribeiro pede que o time mantenha a seriedade para concretizar o sonho do acesso.

“Temos mais um compromisso difícil pela frente. Não estamos 100% lá, falta uma coisinha, mas estamos no caminho certo. Acredito que trabalhando com seriedade vamos obter o acesso e a cidade vai poder comemorar”, avaliou o treinador.

E para o torcedor, festejar é apenas uma questão de tempo – 90 minutos e o apito final para chegar ao paraíso.


Piovesan lembra gol do acesso em 2014


Em 2014, o Água Santa viveu situação semelhante à desta temporada pela Série A-3 estadual. Na ocasião, o Netuno dependia apenas de um empate contra o São José B, em Bragança Paulista, para subir, enquanto o Sertãozinho, que também disputava a última vaga do acesso, precisava vencer o Novorizontino, fora de casa, e ainda tirar diferença de seis gols para garantir vaga na Série A-2. No fim, o Touro dos Canaviais perdeu por 3 a 1 e o clube diademense venceu no Interior por 1 a 0, com gol do meia Felipe Piovesan – único tento dele pelo Água Santa no ano passado.

"No momento (do gol) vem o alívio de conseguir o objetivo. E foi uma felicidade marcar esse gol porque Diadema é a cidade onde vivi a vida inteira”, lembrou o jogador, que nasceu em São Paulo, mas ainda na infância foi morar no bairro Piraporinha, a oito quilômetros da região do Jardim Inamar.

“Pegar um clube da cidade e conseguir ajudar um pouco é motivo de alegria. É algo importante para a cidade e para a população. Espero que possamos fazer história novamente”, comentou Felipe Piovesan, que desconversou sobre uma possível reedição do feito do ano passado – ele ainda não marcou nesta Série A-2.

“Quem vai fazer (o gol) não importa. Os atacantes estão aí, é a função deles (risos). Mas o importante é o objetivo do grupo”, finalizou o atleta.


Márcio Ribeiro não acredita em mala branca para o Velo Clube


Se o Água Santa está perto do acesso à elite, o Velo Clube também está próximo de conquistar seu objetivo: não ser rebaixado para a Série A-3 do Campeonato Paulista. Como a equipe do Interior tem 19 pontos, só vitórias de Comercial e Matonense, respectivamente, sobre Catanduvense e Atlético Sorocaba – este que tem a mesma pontuação do Velo e precisa de ao menos um ponto para não correr riscos – colocam o clube de Rio Claro na Terceira Divisão estadual.

Por conta da necessidade do Velo Clube em garantir ao menos o empate para não disputar a Série A-3 em 2016, o técnico Márcio Ribeiro não crê que a equipe mandante receberá mala branca para dificultar a partida para o Netuno.

“É hipocrisia falar que não acontece isso (mala branca). O Velo só depende dele para fugir do rebaixamento, não tem motivo para receberem o benefício. Nossa briga hoje é com o Mirassol. Não temos motivos para dar mala branca para ninguém nem acreditar que o Velo receba”, avaliou o treinador da equipe diademense.


Xodó da torcida, Serginho é quase sinônimo de Água Santa


Rogério Ceni no São Paulo, Marcos no Palmeiras, Pelé no Santos e Marcelinho Carioca no Corinthians. O nome de um jogador já desperta imediatamente na mente do torcedor o clube que o atleta defendeu, tamanha identificação que existe entre as partes. No Água Santa, esse nome é o de Serginho, que, ao lado de Batista, Diego e Rafael Martins, é um dos remanescentes dos dois acessos.

Baiano, o volante tem um lugar especial no coração da torcida, que, mesmo quando ele fica na reserva, grita seu nome e pede sua entrada. Segundo o próprio jogador, a atitude se deve a sua garra e determinação.
“Só tenho a agradecer a eles (torcedores) o jeito que me tratam. Sempre procuro fazer o que o Márcio Ribeiro (técnico) pede dentro de campo. Entro com a vontade que eles gostam. Não faço corpo mole</CF>, até porque sei como é o sofrimento deles de nos acompanhar. O que eu puder fazer para retribuir o carinho, vou fazer”, afirmou o atleta, que também é identificado com o clube por outro motivo: há 25 anos ele mora em Diadema e sabe a dimensão do clube para o torcedor, especialmente o da região do Jardim Inamar.

“Considero-me cidadão diademense pelo tempo de casa (risos)”, brincou ele, que se profissionalizou no Corinthians, com o técnico Oswaldo de Oliveira, e ainda atuou por Guarani e Juventus, em São Paulo, pelo Paraná Clube, entre outros.

“Já rodei bastante e joguei inclusive pelo Rio Branco, do Acre, onde disputei a Série C do Campeonato Brasileiro. A vinda para o Água Santa caiu como uma luva: é perto de casa e trago meus filhos para os treinos às vezes”, afirmou.

Entre todas essas indas e vindas, Serginho também arranjava um tempo nas folgas para dar escapadas e atuar pelo Netuno na época da várzea. Para ele, este também é um dos fatores que fazem ele ter tanta identificação com o clube.

“Joguei algumas partidas no amador. Quando eu estava de folga, o pessoal me chamava nos campeonatos, que podia fazer isso de participar em cima da hora”, revelou.

Apesar de não saber se terá o contrato renovado – o clube ainda não definiu se disputa a Copa Paulista como preparação para a quase certa presença na Série A-1 do ano que vem –, Serginho, 34 anos, já se vê pendurando as chuteiras pelo clube. “Pretendo ficar e não quero sair. Se depender de mim, fico até encerrar a carreira”, disse.

Ele pode ter certeza: se depender do torcedor, é isso o que vai acontecer. 




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