O prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), foi seqüestrado na noite desta sexta-feira em São Paulo. Celso estava de carona com o amigo e empresário Sérgio Gomes da Silva, proprietário da Pajero blindada de placa DBQ 2859. Eles haviam jantado em uma churrascaria na Alameda Santos, nos Jardins, e se dirigiam à Via Anchieta para voltar ao Grande ABC, quando foram interceptados pelos seqüestradores.

Até as 6h deste sábado, a quadrilha não havia entrado em contato com a família ou com membros do partido e da Prefeitura. Um plantão está sendo montado no Paço Municipal de Santo André, com os principais assessores do prefeito e várias lideranças do PT, como a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy.

O caso foi assumido pela Divisão Anti-Seqüestro da Polícia Civil e conta com o apoio de todos os delegados especiais de São Paulo. O secretário de Segurança Pública do Estado, Marco Vinício Petrelluzzi, também está acompanhando as investigações.

Tiros - Por volta das 22h, próximo à Anchieta, a Pajero em que estavam o prefeito e Sérgio Gomes começou a ser seguida por uma Blazer preta, um Tempra branco e um Santana escuro. Após tentar fechar o carro por várias vezes, inclusive batendo na lateral, a quadrilha começou a atirar, atingindo o pneu traseiro do lado direito e três vidros da perua (um ao lado do motorista, outro ao lado do carona e um terceiro na parte traseira).

Sérgio Gomes não conseguiu prosseguir com o carro e parou na rua Antônio Bezerra, no bairro do Sacomã. Os seqüestradores desceram e retiraram Celso do carro à força — o empresário foi abandonado. A quadrilha teria fugido pela via Anchieta, sentido Grande ABC. Segundo informações da prefeita Marta Suplicy, o grupo era formado por de seis a oito homens fortemente armados.

Segundo o delegado de plantão no 26º DP de São Paulo, no Sacomã, Maurício D'Olivo, Sérgio Gomes informou que ele e Celso não estavam acompanhados de seguranças. De acordo com o empresário, os bandidos começaram a segui-los cerca de três quadras antes da rua Antônio Bezerra.

Em depoimento, Gomes disse que é possível que Celso tenha sido levado por engano, já que o prefeito vestia paletó e ele estava com trajes esporte.

O empresário contou ainda que tinha uma pistola PT 380 no carro, e que tentou reagir aos tiros disparados pelos seqüestradores, mas não conseguiu.

À 1h45, o secretário Marco Vinício Petrelluzzi chegou à delegacia. Ele afirmou que é prematuro se falar em crime político e avaliou que a hipótese de tentativa de homicício não pode ser descartada, por causa dos diversos tiros disparados contra o carro.

O empresário Sérgio DeNadai informou que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi acionado porque jantava em sua companhia na noite de sexta. O prefeito de Ribeirão Preto, Antonio Palocci, Marta Suplicy e os deputados federais Aloizio Mercadante e José Genoíno se reuniram para acompanhar o caso. O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em férias no Sul da Bahia, foi avisado por telefone e deve voltar à região ainda neste sábado.

Cerco - A Polícia Rodoviária Estadual está fazendo um cerco nos principais acessos da Anchieta para tentar localizar a quadrilha. Homens da Rota rastreiam favelas na divisa entre São Paulo e o Grande ABC. Na região, homens da Polícia Militar estão percorrendo os principais pontos de cativeiro utilizados por seqüestradores nos últimos meses, especialmente em Diadema, São Bernardo e Ribeirão Pires.

A grande dificuldade é que até agora não há uma descrição física e nem uma estimativa de quantos seqüestradores participaram da ação. Até as 2h30, nenhum carro com as características dos que participaram da emboscada foi abandonado na região.