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Prejuízo e indignação com falta de luz
Bruna Gonçalves
21/01/2011 | 07:24
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Medo e indignação. Esse é o sentimento de moradores da região que, desde terça-feira, quando houve temporal, convivem com a falta de energia.

A cidade mais afetada foi Santo André, onde moradores de várias ruas, em diferentes bairros, convivem com a escuridão e a incerteza de quando a luz será restabelecida. Muitos não contabilizam os danos causados. Nos últimos dias, o Diário recebeu mais de 50 ligações reclamando sobre a falta de energia.

O problema é grave. A dona de casa Carmem Lúcia Cibriano, 41 anos, que tem uma filha de 2, disse ontem que já estava sem energia há mais de 60 horas.

Moradora da Rua Andira, no Jardim Estádio, ela conta que a "luz apagou" às 9h de terça-feira e, desde então, só escuta promessas da AES Eletropaulo. "Cada hora davam uma previsão. Isso, quando não diziam que tem outras áreas com prioridade. Ontem (quarta-feira), joguei dois sacos de lixo cheios de carne. Além disso, estamos tomando banho de canequinha."

Outra preocupação de Carmem é a escuridão da rua. O marido chega por volta das 22h do trabalho, e a apreensão é grande. "Dá medo de sair à noite, pois é tudo escuro. E quando meu marido chega ainda precisa abrir o portão eletrônico com a mão", ressalta.

Moradores da Rua Itororó, na Vila Pires, se reuniram ontem à noite, ameaçando fechar a rua até que a energia voltasse. Porém, um carro da Eletropaulo passava pelo local e restabeleceu a energia.

Em São Bernardo, a assistente administrativa Edilaine Luiz Goularte completou ontem dois sem trabalhar. "Trabalho em uma empresa de comunicação visual, mas não dá para fazer nada. São mais de 50 horas sem luz, e o pior é que não dão previsão alguma", afirma a assistente que trabalha no bairro Assunção.

A faturista Maria Aparecida Franco de Oliveira, 40, do Jardim Feital, em Mauá, teve de levar a sogra, que tem Alzheimer, para a casa da cunhada, em Santo André. "Desde que uma árvore caiu na rua, terça-feira, estamos sem energia. Minha sogra não dorme com a luz apagada, e por isso tive que deixar uma vela acesa, o que é um risco. Além do que, ela acorda muito de noite e é perigoso se machucar", explica.

O professor do curso de Engenharia Elétrica da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Reinaldo Lopes, explica que sistemas elétricos possuem dispositivos de proteção. "Em situação de risco de grandes danos - como ventos, chuvas ou quedas de galhos e árvores -, o sistema se autodesliga, atingindo uma área menor do que atingiria em um estrago de proporções maiores", afirma.

Segundo a AES Eletropaulo, a queda de energia foi provocada por conta das chuvas que atingiram todo o Grande ABC. A concessionária informou que as equipes estão reforçadas para tentar restabelecer o fornecimento em todas as áreas.

Procon e especialista dão orientações

O Procon de Santo André recebeu só ontem mais de 20 reclamações sobre a falta de energia em vários bairros, entre os quais, Vila Floresta, Vila Pires, Vila Lutécia, Jardim Santo Antônio, Camilópolis, Jardim Bela Vista, Vila Boa Vista e Vila Sacadura Cabral.

Segundo a diretora do Procon de Santo André, Ana Paula Satcheki, o órgão fez um registro individual das reivindicações e entrou em contato com a diretoria regional da AES Eletropaulo, que garantiu atender as ocorrências o mais rápido possível. "Não deram nenhum prazo ou cronograma para o restabelecimento da energia. Estamos tentando agendar uma reunião para que de fato tenha um esclarecimento."

Satcheki ainda orienta para que se faça uma reclamação junto à ouvidoria da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para averiguar se houve negligência por parte da Eletropaulo na demora no atendimento.

Para o professor de Direito do Consumidor da Faculdade de Direito de São Bernardo, Arthur Rollo, a pessoa que se sentir prejudicada ou tiver equipamentos danificados pode pedir ressarcimento.

"Se a pessoa teve algum eletrônico ou eletrodoméstico queimado, pode agendar uma vistoria da concessionária, que pode levar um tempo, para verificar se o dano foi provocado pela oscilação de energia. Caso seja mais urgente, o consumidor pode fazer três orçamentos, consertar no mais barato e entrar com ação no juizado especial cível com pedido de ressarcimento", explica Rollo. Ele ressalta que, caso o pedido seja negado, pode-se dar entrada com uma ação judicial.




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