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Patrimônio que merece devido cuidado
Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
08/12/2020 | 01:02
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Ao entrevistar o candidato à presidência do Santos, Milton Teixeira Filho, para reportagem publicada ontem, me senti como se entrasse no túnel do tempo ao falar sobre a Chácara Nicolau Moran, localizada no km 34 da Via Anchieta. Não por memórias vividas por lá, afinal (ainda) não tive o prazer de conhecer o local. Mas porque durante algumas horas de pesquisa sobre o espaço (de 60 mil metros quadrados em meio à Mata Atlântica), me deparei com imagens das décadas de 1960, 1970 e 1980, quando o Peixe se hospedava no local, o qual utilizava como concentração. Às margens da Represa Billings, esse patrimônio santista (que pode ser revitalizado e reutilizado em caso de vitória do pleiteante ao cargo máximo do clube) recebeu Pelé, Clodoaldo, Pepe, a primeira geração dos Meninos da Vila (de Nilton Batata, Rubens Feijão, João Paulo e Juari), o time que conquistou o Paulistão de 1984 (de Serginho Chulapa e Rodolfo Rodriguez) e outras tantas estrelas que jogaram no clube. Aliás, conta o amigo Ademir Medici que o Rei do Futebol costumava pescar tilápias no local, que hoje amarga um triste abandono.

Como sou daqueles admiradores e defensores de lugares com tanto apelo histórico, torço para que o plano seja concretizado. Ainda mais porque neste resgate à memória da Nicolau Moran, me deparei com uma reportagem deste Diário, em 2001, produzida por outro amigo, Nilton Valentim, com José Carlos Peres, então conhecido por ser idealizador da Fundação Santos Vivo. Na entrevista, o empresário – que viria a se tornar presidente do Peixe, entre 2018 e 2020, até passar por processo de impeachment – tinha planos de transformar a chácara em um clube de campo. Passados 17 anos, quando ele próprio assumiu o posto na presidência do Alvinegro Praiano, incumbiu o vice, Orlando Rollo (que está no comando desde que Peres foi tirado do poder) e o gerente de projetos, Odir Cunha, de resgatar o local, projetando inclusive a construção de um museu e a implantação de uma escolinha de futebol. Passados três anos, nada aconteceu. O abandono apenas se agravou. Quem sabe desta vez o destino seja outro. As memórias do Rei e do futebol agradecem.

Aliás, ao falar em Pelé, uma perguntinha à Prefeitura de Santo André: e a estátua que foi prometida em homenagem ao Rei no Parque Antônio Flaquer, o Ipiranguinha (que fica em frente ao local onde o ex-camisa 10 marcou seu primeiro gol profissional pelo Santos, no Corinthians FC)? Um ano se passou desde o anúncio e sequer uma plaquinha foi colocada por lá. Volto ao assunto sobre homenagens tardias: que não esperem a morte do “maior de todos” para tornar realidade o plano. Seria muito mais emblemático e justo ter a presença do Rei em uma cerimônia para inauguração deste ‘marco zero’ de sua carreira. E ainda transformaria a praça municipal num local de parada obrigatória para os peregrinos e apreciadores de histórias do futebol, como eu – que ainda poderia ver o monumento da janela, por morar bem ao lado do parque.

BONITO DE VER
Fazia muito tempo que não assistia a uma corrida tão empolgante quanto este GP do Sakhir, domingo. Não só pela volta de um brasileiro (Pietro Fittipaldi) para o grid de largada ou pelo traçado desafiador e veloz do anel externo da pista do Bahrein, mas, principalmente, por ter sido uma prova repleta de alternativas. Antes mesmo da largada, admito que estava torcendo por George Russell, substituto de Lewis Hamilton na Mercedes. Quando o inglês saltou à liderança logo na partida, acreditei que nada tiraria sua vitória. Mas a equipe alemã, tão perfeita quando Hamilton está a bordo, falhou nos pit stops. Em dose dupla, inclusive, prejudicando também Valtteri Bottas e ambos perderam muitas posições. Ainda assim, o mais jovem conseguiu escalar o pelotão e quando já estava na vice-liderança, se aproximando da primeira colocação, um pneu furado o fez cair para o 15º lugar. Neste meio-tempo, Sergio Pérez, da Racing Point, que havia caído para o último lugar depois de receber toque de um estabanado Charles Leclerc (que custou o abandono do monegasco e ainda levou Max Verstappen junto), se aproveitou dos safety car e de um bom ritmo de prova para assumir a liderança e ainda contou com a sorte quando viu Russell ser obrigado a uma terceira parada para trocar o pneu furado. Assim, o mexicano – que incrivelmente está desempregado para 2021 – cruzou na frente (pela primeira vez em 194 GPs), com Esteban Ocon, da Renault, em segundo, e Lance Stroll, também da Racing Point, em terceiro. Que pódio mais improvável e, consequentemente, sensacional! E tomara que a Red Bull possa assegurar um de seus assentos a Pérez no ano que vem.

E George Russel? Pois bem, utilizando toda a potência, aerodinâmica e de sua própria habilidade, ainda conseguiu terminar na oitava colocação, cravando ainda a volta mais rápida e somando seus três primeiros pontos da Fórmula 1. As imagens pós-corrida das felicidades de Pérez e Ocon, que não seguraram as lágrimas por seus resultados, como a desolação de Russell, deitado com as mãos no rosto sem acreditar no que havia acontecido, simbolizam bem a corrida. Ah, e Pietro Fittipaldi terminou na 17ª e última colocação com o problemático carro da Haas. Ao menos vai ganhar outra chance, no fim de semana, no GP de Abu Dhabi. Um prêmio de consolação, já que a escuderia norte-americana anunciou o alemão Mick Schumacher (filho do heptacampeão Michael) e o russo Nikita Mazepin como titulares. 




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