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Amadurecimento e mudança de rotina agitam vida de mães adolescentes

Quantidade de meninas grávidas no Brasil caiu 17% entre os anos de 2004 e 2015

Luís Felipe Soares
13/05/2018 | 07:17
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pixabay


A oportunidade de ter um filho ou filha pode ser transformadora. Entre mudanças de todos os tipos trazidas pela gravidez, tudo é ainda maior quando a figura materna em questão é uma adolescente. Casos em que essas ‘filhas’ passam a ser mães em idade muito antes do que o esperado não são difíceis de encontrar.

O Dia das Mães, celebrado hoje, será especial para Jenifer Geraldeli do Nascimento. Aos 17 anos, a estudante do 1º ano do Ensino Médio de Santo André irá festejar a data com nova companhia: a filha Emanuelly (que irá completar o primeiro ano no dia 29). “Foi um susto e tanto, porque, quando descobri, estava de três meses”, conta a jovem. “A vantagem que tenho (por ser bem jovem) é por ampliar meu conhecimento. Foi amadurecer minha responsabilidade e, com certeza, a felicidade e o amor que minha filha me trouxe. Já os desafios que enfrento são o preconceito de terceiros e acabo perdendo, também, grande parte da minha juventude.”

Segundo o Ministério da Saúde, a quantidade de meninas grávidas no País caiu 17% entre 2004 e 2015, com número de 661,2 mil nascidos vivos, em 2004, caindo para 546,5 mil, em 2015, em mães com idade entre 10 e 19 anos. Crianças nascidas de mães adolescentes representam 18% dos 3 milhões de nascidos vivos no Brasil em 2015. Levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde entre 2010 e 2015 mostra que, a cada grupo de 1.000 adolescentes brasileiras entre 15 e 19 anos, 68,4 ficaram grávidas e tiveram seus bebês. Esse índice tem média acima da existente no restante da América Latina (65,5).

“O impacto inicial é sempre muito chocante. Por vezes não há, ainda, maturidade para lidar com o tema, então medos básicos surgem. É comum o medo dos pais, a insegurança e incerteza do futuro. De forma muito raza, muitas vezes são levadas a pensar em aborto”, explica o psicólogo clínico André Correia, de São Bernardo. “Nem todas chegam ao grau de reflexão necessário para perceberem a seriedade da situação. A jovem é convidada ao amadurecimento precoce.”

Os altos e baixos em ser mãe, adolescente ou não, são reais e precisam ser enfrentados. Segundo Correia, o suporte de toda a família pode fazer a história da matriarca e do bebê tornar-se drama ou conto de fadas. “Nem mais nem menos, a realidade em si tem sua frieza pouco maravilhosa”, comenta.

Adaptar-se ao novo estilo de vida foi um tanto quanto obrigatório para Jenifer. Ela teve de realizar mudanças para conseguir encontrar tempo para os estudos, ter momentos de lazer com os amigos e dar toda a atenção necessária para a bebê. Entre a revelação de que temia toda essa transformação que estava por vir, recorda também a tensão sobre revelar a gravidez para o mundo ao seu redor. “Tive muitos apontamentos ruins por amigos e outros familiares por ser muito nova e com pessoas falando que existiam várias barreiras contraceptivas etc. Depois, de meses de gestação, acabaram me apoiando”, relata a jovem mãe, mais apaixonada do que nunca pelo ‘susto’ Emanuelly. 




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