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Fabiana Cozza produz documentário sobre Clara Nunes
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
12/08/2013 | 07:00
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Divulgação


Grande sambista, Fabiana Cozza cresceu ouvindo Clara Nunes em sua casa. "Me lembro que as capas dos seus discos me chamavam muito a atenção e as canções me instigavam a dançar", diz ela.

A cantora esteve na semana retrasada no palco do Auditório do Ibirapuera para registrar em DVD o show ‘O Canto Sagrado - Os 70 Anos de Clara Nunes'. Além do concerto, o projeto, que sairá no primeiro semestre do ano que vem, contará com um documentário sobre Clara realizado por Fabiana.

"Clara tem um canto visceral, enérgico, melodioso, com excelente dicção, senso rítmico apurado, escolhia bem o seu repertório. Acho que tudo isso faz dela uma cantora excepcional", comenta ela, que no documentário decidiu buscar a parte histórica de Clara. Para isso, foi até a cidade onde a mineira nasceu, em busca de histórias que trouxessem nova luz à vida da cantora. "Foi um desejo pessoal querer saber mais sobre ela, sobre o que pensava, sonhava. A história de vida dela é muito bonita", conta.

Entre as descobertas feitas na fonte, está a do desejo de Clara de abandonar a profissão para cuidar de uma creche para crianças carentes. "O que hoje é realizado por sua irmã, Dindinha", revela. Além de conversar com familiares, Fabiana teve contato com importantes artistas que conviveram com Clara, entre eles Wilson Moreira e Elza Soares.

"Descobri a proximidade dela com a Elza e uma amizade muito bonita que ambas tinham."

Questionada se há explicação para a força do cantar de Clara, que atinge fundo o coração de vários de seus inveterados fãs, Fabiana se limita a dizer: "Não sei responder. Gosto muito e me emociono."

Artista mineira completaria 70 anos hoje

Há 70 anos, onde hoje é Paraopeba, uma pequena cidade no centro do estado de Minas Gerais, nascia Clara Francisca Gonçalves de Araújo. A menina, de vida simples, ficou órfã de pai e mãe muito nova. Foi criada pelos irmãos. Começou a trabalhar como tecelã aos 14 anos. Logo depois rumou para Belo Horizonte, após seu irmão, Zé Chilau, matar um namoradinho que andava difamando-a pela cidade.


Na capital mineira, depois de virar Clara Nunes, vencer um concurso nacional e passar a cantar em emissoras de rádio e televisão locais, Clara Francisca se muda para o Rio de Janeiro, então capital musical do País.

Na gana de ser reconhecida, lança alguns discos que não fazem tanto sucesso, cantando boleros e algumas canções sem nenhuma identidade. Ao entrar em contato com Adelzon Alves, encontra um caminho: o samba e as raízes africanas. Surge então uma das mulheres mais poderosas da música popular brasileira, frequentemente recordista de vendas de discos.

O casamento com o compositor Paulo César Pinheiro, em 1975, traria ainda mais poder à Clara. Foi depois da união que ela fez alguns de seus discos mais importantes, entre eles ‘O Canto das Três Raças', ‘Guerreira' e ‘Brasil Mestiço'.

A morte precoce, em 2 de abril de 1983, após uma cirurgia para tratar de varizes, calou uma das vozes que mais se comunicava com o povo brasileiro. Era o fim de uma das mulheres mais importantes da história da música popular brasileira, mas não do seu legado. Clara Nunes, 70 anos depois de nascida, continua, pela eternidade, uma das mais coroadas sambistas que o mundo já viu.




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