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País também inventou esquemas táticos
Por Divanei Guazzelli
Do Diário do Grande ABC
09/04/2006 | 09:17
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A influência inglesa no futebol é tanta que, além da introdução do esporte em vários países, a diversidade dos esquemas táticos também deriva de uma criação local, nos anos 20. Foi em 1925 que o técnico do Arsenal, Herbert Chapman, nascido em Sheffield, criou o WM, assim denominado porque a disposição dos jogadores em campo lembrava as duas letras, obviamente invertidas. Tratava-se, na comparação com os pioneiros 2-2-6 (escocês) e 2-3-5 (inglês), do recuo de dois dos atacantes para o meio-campo e de um dos médios para a defesa. Em números, jogava-se num 3-2-2-3, o que sugeria a idéia de equilíbrio intenso tanto na defesa quanto no ataque. Graças à criação de Chapman, o Arsenal venceu quatro edições do Campeonato Inglês e, numa deles, no começo dos anos 30, seu ataque fez 127 gols, números semelhantes ao do incomparável Santos da década de 50 e início dos anos 60.

<p>O Brasil também se valeu do WM com a primeira variação de que se tem história, o 4-2-4, do técnico Martim Francisco, no início da década de 50. O novo rótulo era simplesmente a transformação de dois médios em atacantes.

<p>Se os brasileiros sustentavam o histórico ofensivo, os italianos, ao contrário, já usavam o WM para fortalecer o seu sistema defensivo, o catenaccio, uma retranca feroz que contava com cinco jogadores na defesa, três no meio-campo e dois atacantes, quando não quatro componentes no meio-campo e somente um avançado.

<p>Métodos científicos - Também na Inglaterra, uma Copa do Mundo, a de 1966, foi um marco na preparação física. Na ocasião, a liberdade dos atacantes, tanto que antes era comum aos pontas - hoje, a rigor, uma posição extinta - ter somente o lateral a marcá-lo. A partir da Inglaterra, a ocupação de espaços foi cada vez mais intensa, sobretudo porque a prioridade ao preparo físico permitia maior movimentação em todos os setores. Tanto que o Brasil, mal preparado e com elevada média de idade, não passou da primeira fase.

<p>Os anfitriões foram campeões, embora até hoje um dos três gols marcados por Hurst, na decisão contra a Alemanha, ainda seja motivo de polêmica - a bola entrou ou não ? -, e os brasileiros aprenderam a lição. Quatro anos mais tarde, no México, uma equipe de preparadores físicos integrada pelo hoje técnico Carlos Alberto Parreira, pelo ex-treinador Cláudio Coutinho (morto em 1981) e Admildo Chirol (que morreu em 1998) introduziu os métodos mais avançados possíveis para a época. A ponto de o zagueiro Brito ter sido escolhido o jogador de preparo mais eficaz entre todos os integrantes das 16 seleções que disputaram a Copa. Mais uma vez, o pioneirismo inglês havia servido para que o Brasil consolidasse a imagem de praticante do melhor futebol do mundo.




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