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Família pode pedir exumação do corpo de Celso Daniel
Maria Teresa Orlandi
Do Diário OnLine
20/08/2002 | 11:11
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A família do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel (PT), não descarta a possibilidade de pedir a exumação do corpo dele caso os anexos do laudo necroscópico não forem encontrados. Segundo o médico oftalmologista João Francisco Daniel, irmão de Celso, sete meses depois do crime, os documentos ainda não chegaram ao Instituto Médico Legal (IML) e também não estão com a polícia.

Os anexos esclarecem questões importantes sobre circunstâncias da morte, como horário do crime, posicionamento do corpo e possíveis sinais de tortura, entre outras. “Os anexos são parte dos documentos fundamentais para saber tudo sobre a morte. Desde janeiro não estão no IML. O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, que investiga o caso) também está pedindo e não recebeu até agora”, disse João Francisco.

O médico afirmou que a disposição da família em pedir a exumação foi manifestada à polícia nesta segunda, quando ele e seu irmão, o engenheiro Bruno José Daniel Filho, prestaram depoimento ao delegado titular da 1ª Delegacia de Homicídios do DHPP, Armando de Oliveira Costa Filho. De acordo com João Francisco, o delegado também se demonstrou favorável à exumação caso os documentos demorem a aparecer.

Os irmãos levaram ao delegado uma lista com 16 dúvidas sobre o seqüestro e morte do prefeito, mas, segundo João Francisco, as questões de maior relevância não foram esclarecidas. “A polícia continua na linha de crime comum. Não nos esclareceram nada, apenas colocaram o ponto de vista deles sobre questões que não são importantes. Contestamos a motivação do crime e queremos saber se houve mandantes”, afirmou.

Entre as dúvidas que faltam ser esclarecidas, o médico citou o laudo das roupas com que Celso foi encontrado, que afirma que não há sangue na calça e nos locais onde há perfurações de tiros; a localização do sangue no chão contradiz a reconstituição feita pela polícia; o laudo sobre a Pajero em que Celso estava não aponta falhas no funcionamento das travas elétricas e do câmbio, conforme alegou o empresário Sérgio Gomes, que dirigia o carro; a falta de uma página do laudo sobre o livro da portaria do prédio do prefeito e a falta de provas sobre a presença de Celso no cativeiro de Juquitiba.

João Francisco diz que a família também cobrou a continuidade das investigações sobre a possível relação entre a morte de Celso e o depoimento de Dionísio de Aquino Severo, resgatado de helicóptero da penitenciária de Guarulhos e que foi morto na prisão. “Esse caso pode ter alguma relação. Pode haver algum dado que leve a uma conexão com o crime”.

Segundo ele, a família não tem pressa nas investigações e acredita que, com a reabertura do inquérito e a apuração do Ministério Público, possa-se chegar à conclusão de que o crime não foi comum. “Não temos pressa, pode demorar um, dois, três anos, desde que a investigação seja feita com base e credibilidade para se chegar à verdade. Esperamos que apareçam novas testemunhas, alguém que tenha participado do seqüestro e que não tenha sido morto”.




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