O crescimento previsto pode afetar toda a malha ferroviária que passa pelo Estado de São Paulo, especialmente no Grande ABC, por sua proximidade da Baixada Santista. Essa estrutura é responsável pelo transporte de trens de cargas das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Desde a criação da PortoFer, em 2000, já foram investidos R$ 15,5 milhões na malha, o que aumentou quatro vezes o volume de cargas transportadas por trens no porto – de 4% para 16%.
“O futuro aumento será alavancado por investimentos de diversos setores, especialmente das indústrias que podem utilizar a ferrovia como meio de transporte”, afirmou Domenico. A expansão do transporte ferroviário com destino ao Porto de Santos é necessária para manter o aumento das exportações, frisa Walker. “Estamos chegando ao nosso limite físico. Ampliar o movimento à base de caminhões está se tornando impossível. A ferrovia tem de ser a saída, e, apesar dos entraves, é possível dobrar sua participação em quatro anos”, afirmou.
Os principais alvos do transporte ferroviário nos próximos anos, segundo Domenico, serão a soja (que já tem 70% de seu volume transportado por trens com direção ao porto), o açúcar (pelo menos 50% por trens) e a celulose, que está começando a utilizar a malha ferroviária. “Essas cargas têm características que se adaptam melhor aos trens, diferentemente dos produtos industriais, que precisam de especificações próprias para viajarem pela malha, como a necessidade de serem acondicionados em contêineres.”
Um aumento consistente, entretanto, está condicionado à criação do Ferroanel (em fase de estudo), cujo Tramo Sul afetaria as atividades ferroviárias na região, e ao investimento em estrutura por parte das próprias empresas concessionárias. Sua implantação aumentaria a velocidade e a segurança, evitando, por exemplo, que a MRS Logística, concessionária da malha que corta a cidade de São Paulo e passa pela região, utilize parte das linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), disputando vias com o transporte de passageiros.
Sistemas – O desenvolvimento do transporte ferroviário, diferentemente do rodoviário, necessita de investimentos conjuntos entre as empresas concessionárias e as indústrias produtoras, gerando sistemas próprios de tráfego de produtos. “O transporte por trens necessita de todo um sistema para funcionar corretamente. Quem vai utilizar a ferrovia também precisa investir, criar terminais para embarque e uma linha que alcance sua planta industrial”, afirmou Walker.
Para receber um volume de cargas maior pelos trens, o Porto de Santos precisa desafogar sua estrutura viária. A criação das avenidas perimetrais, que ainda não tem data para sair do papel, é vista como essencial para o aumento do tráfego de cargas no porto.
“A reorganização do trânsito dentro do porto é muito importante para qualquer melhoria nesse transporte. O Porto de Santos possui uma configuração antiga, o que gera situações como os caminhões passarem no mesmo espaço que os trens, tornando necessário revezamentos”, afirmou Domenico.
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