O investimento estrangeiro no Brasil, assim como a economia global, dá sinais de recuperação após o período da crise financeira. O Banco Central anunciou ontem que o IED (Investimentos Estrangeiros Diretos) em setembro foi de US$ 1,816 bilhão. O valor é bem menor do que os US$ 6,241 bilhões que ingressaram no mesmo período do ano passado, momento em que ocorreu o agravamento da crise. Em relação ao mês anterior, o volume também é menor, já que em agosto entrou no país US$ 1,903 bilhão.

"Não é um número bom, mas reflete o atual momento econômico, que é de recuperação", diz o diretor-presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e de Globalização Econômica), Luís Afonso Lima. Segundo ele, esse resultado acompanha o mesmo ritmo de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e do mercado de trabalho. "De fato, a recessão ficou para trás", afirma.

Apesar da recuperação, Lima conta que o valor alcançado em setembro ainda está longe da média mensal do período pré-crise, que foi de R$ 3,75 bilhões. Para outubro, ele projeta que o investimento estrangeiro vai encerrar o mês levemente abaixo do patamar de setembro, em cerca de 1,7 bilhão.

Segundo o Banco Central, no acumulado dos nove primeiros meses do ano, o IED soma US$ 17,691 bilhões e nos 12 meses encerrados em setembro, o valor é de US$ 31,894 bilhões, o que corresponde a 2,28% do PIB. De janeiro a setembro de 2008, o ingresso foi de US$ 30,855 bilhões e nos 12 meses até setembro de 2008, de US$ 37,458 bilhões (2,46% do PIB).

Lima acredita que o IED deve encerrar 2009 com um valor entre US$ 23 bilhões e US$ 25 bilhões, um pouco mais da metade dos US$ 45 bilhões registrados no ano passado. Isso significa que em novembro e dezembro a entrada de capital externo deve ser de aproximadamente US$ 2,5 bilhões em cada mês.

A expectativa do diretor presidente da Sobeet é que o ingresso de capital estrangeiro aumente em 2010. "No próximo ano, devemos fechar com um volume em torno de US$ 38 bilhões", prevê Lima. De acordo com ele, as perspectivas são boas, já que a Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, na sigla em inglês) estima um aumento de 20% nos investimentos estrangeiros em países em desenvolvimento em 2010.

SAÍDA DE CAPITAL - O IBD (Investimentos Brasileiros Diretos) em setembro chegou a US$ 871 milhões. No acumulado de janeiro a setembro deste ano, as saídas somaram US$ 5,168 bilhões.

Dívida externa do País ultrapassa US$ 201 bilhões em setembro

A dívida externa total do Brasil atingiu US$ 201,723 bilhões em setembro, segundo estimativa do BC (Banco Central). Em agosto, esse valor era de US$ 204,103 bilhões.

Segundo o BC, a dívida de médio e longo prazo somava US$ 169,422 bilhões e os compromissos de curto prazo eram de US$ 32,301 bilhões em setembro.

As remessas de lucros e dividendos em setembro foram de US$ 1,508 bilhão. Segundo o BC, no mesmo mês do ano passado as remessas totalizaram US$ 3,436 bilhões. Em agosto deste ano, as remessas somaram US$ 1,895 bilhão. No acumulado de janeiro a setembro, as empresas remeteram US$ 16,013 bilhões, em termos líquidos, para o exterior, o que corresponde a queda de 41,77% em relação ao montante remetido em igual período do ano passado.

As despesas com juros em setembro somaram US$ 524 milhões, valor estável em relação a agosto (US$ 525 milhões) e ligeiramente maior que os US$ 502 milhões desembolsados em igual mês de 2008. De janeiro a setembro, as despesas com juros alcançaram US$ 6,857 bilhões, 29,08% superior ao verificado em igual período de 2008. (Da AE)

Gastos de brasileiros no Exterior devem subir, diz BC

Os gastos de brasileiros no Exterior devem aumentar, influenciados pelo preço do dólar e em consequência da renda do consumidor, na avaliação do chefe do departamento econômico do BC (Banco Central), Altamir Lopes.

O comportamento da receita (dinheiro que entra no País em função dos gastos de turistas) também não tem sido tão ruim assim. O que se espera é aceleração dos gastos no Exterior dada as condições de renda e também participação maior do turista estrangeiro, conforme afirmou Lopes.

Em setembro, os gastos internacionais de brasileiros chegaram a US$ 1,053 bilhão, contra US$ 1,126 bilhão registrado no mesmo período de 2008. Os estrangeiros deixaram no Brasil US$ 401 milhões, contra US$ 468 milhões registrados no mesmo mês do ano passado. Com isso, o déficit na conta de viagens chegou a US$ 652 milhões no mês passado, enquanto em setembro de 2008 foi de US$ 658 milhões.

Neste mês, até ontem, o déficit na conta de viagens está em US$ 550 milhões, com despesas de brasileiros no Exterior em US$ 872 milhões e receitas do País com turistas em US$ 322 milhões. (Da Agência Brasil)