A partir de hoje, quem for comprar carro zero-quilômetro vai encarar aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e das montadoras. A medida vale desde a última quarta-feira, mas, devido ao feriado, as concessionárias só abrem as portas hoje. No caso de veículos 1.0 o imposto subiu de 2% para 3%; para automóveis com motor até 2.0 flex a elevação é de 7% para 9% e, aos movidos à gasolina, é de 8% para 10%. As fabricantes também repassaram seus reajustes, em torno de 1,3%. 
 

A boa notícia é que, devido aos altos estoques, o consumidor que não conseguiu comprar carro zero com IPI reduzido até o dia 30 (no dia 31 as revendedoras já estavam em recesso) ainda tem a oportunidade de adquirir um veículo a preço de 2013. Para se ter ideia, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), até novembro, último dado disponível, o setor acumulava 417 mil automóveis estocados, o equivalente a 41 dias para comercialização.
 

É válido ressaltar que o cliente pode não encontrar o modelo e ou cor desejada com o preço antigo, já que esse benefício é reservado aos carros faturados no ano passado. Caso não consiga, porém, é possível comprar um veículo, mesmo assim, a preços menores, já que o IPI ainda não está com sua alíquota cheia – que no caso dos automóveis 1.0 é de 7%  e só será retomada a partir de julho. 
 

ESTOQUE  -  A Savol, revendedora Volkswagen em Santo André, possui cerca de 130 carros com IPI antigo e sem o repasse da montadora. “Temos diversos modelos de Gol, Fox, Voyage e Jetta e vamos oferecer os preços de 2013 até o fim do estoque”, afirma o gerente de vendas Alex Barboza. Ele simula o preço de um Fox 1.0 completo, que com os aumentos de um ponto percentual do IPI e de 1,3% da fabricante, custa hoje R$ 35.798. Porém, sem os R$ 354 referentes ao imposto e os R$ 454 da Volks, que totalizam R$ 808, o veículo sai por R$ 34.990, valor pelo qual ainda pode ser adquirido. “Essa diferença é significativa e dá, praticamente, para pagar o documento”, conta.
 

É importante lembrar que todos os carros a partir deste ano devem ter air bag duplo e freios ABS (antitravamento) obrigatórios. A determinação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) incrementa o preço do carro em torno de R$ 1.000. As exceções ficam por conta do Gol G4, da Kombi e do Uno Mille, que saem de linha justamente por não comportarem as exigências, mas ainda podem ser adquiridos nas concessionárias.
 

A Sandrecar, revendedora Ford andreense, tem em torno de 70 unidades faturadas pelo IPI antigo. “Acredito que em dez ou 15 dias conseguiremos vender todas”, estima o supervisor de vendas Peterson Lima. A maioria é Ka, New Fiesta, Fiesta e EcoSport. O novo EcoSport 2.0, completo, por exemplo, pode ser encontrado por R$ 61.500. O preço atual, entretanto, sobe para R$ 63.300, considerando a alta de dois pontos percentuais do IPI (de 7% para 9%) e o repasse de 1,2% da montadora, diferença de R$ 1.800. “Para os carros de menor valor, o incremento gira entre R$ 700 e R$ 1.000. Já para os de custo maior, fica entre R$ 1.500 a R$ 2.000”, afirma.
 

Alex Toro, gerente de vendas da Solo, revendedora Fiat em São Caetano, também acredita que nos primeiros 15 dias do ano os carros com preço de 2013 sejam comercializados. “O estoque de cerca de 130 veículos está bem misto. Temos, por exemplo, Uno, Palio, Bravo e Strada.” Um Palio 1.0 completo que hoje custa R$ 33.800 ainda pode ser comprado por R$ 32.990, R$ 810 a menos.
 

Maria Eugênia Lorencetti, vendedora de carros zero da Viamar acredita que muita gente aproveitou para viajar no fim do ano. “O movimento surpreendeu, pois algumas pessoas efetivaram compras e, muitas, ligaram para pesquisar.”

Foi o caso do metalúrgico aposentado Antonio Ramiro, 70 anos, e da dona de casa Sebastiana Ramiro, 66. O casal andreense tinha um Gol duas portas 2007 e já vinha juntando dinheiro para comprar à vista um Fox quatro portas. “Vendemos o Gol para particular e aproveitamos o IPI reduzido para desembolsar menos”, conta Ramiro. “Viemos hoje (dia 30) só para olhar, mas nos fizeram uma proposta muito boa e decidimos fechar negócio”, explica Sebastiana. Eles barganharam desconto de cerca de R$ 2.000.