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Críticas do ministro da Defesa a Bush debilitam o governo japonês
Da AFP
28/01/2007 | 20:30
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As incomuns e repetidas críticas aos Estados Unidos por parte de Fumio Kyuma, o novo ministro da Defesa do Japão - um país aliado a Washington desde 1945 - vem colocando em palpos de aranha o governo nipônico do conservador Shinzo Abe.

O ministro japonês da Defesa, Jumio Kyuma, criticou novamente os Estados Unidos neste final de semana, desta vez sobre a intenção dos americanos de reposicionar uma de suas bases aéreas no arquipélago de Okinawa (sul do Japão) sem o acordo dos moradores nem do governador da região.

Jumio Kyuma, o primeiro ministro da Defesa do governo de Tóquio desde 1945, havia considerado antes, durante a semana, que o presidente George W. Bush "não deveria" ter invadido o Iraque em 2003 - uma declaração contrária à posição oficial do governo de Tóquio, que apoiou desde o início a intervenção americana e enviou cerca de 600 soldados a Bagdá no início de 2004.

Este contingente, repatriado em meados do ano passado, constituiu a primeira operação militar japonesa em um cenário de guerra desde 1945.

No entanto, o Japão decidiu continuar prestando um apoio logístico aéreo às tropas da coalizão no Iraque, pelo menos até julho.

Kyuma teve de voltar atrás na sexta-feira, destacando que suas declarações não condiziam com a posição do governo japonês.

"Deveria ter sido mais prudente na minha forma de formular as coisas. Trata-se da minha percepção pessoal, e não deveria ter expressado minha opinião publicamente", desculpou-se o ministro.

No início de janeiro, Fumio Kyuma se tornou o primeiro ministro japonês da Defesa desde 1945, depois que uma lei restabeleceu este ministério abolido no fim da Segunda Guerra Mundial e substituído por uma simples "Agência de defesa".

Os comentários sobre o Iraque, realizados depois do discurso de Bush sobre o Estado da União, não caíram bem no Departamento de Estado americano que, segundo a agência de notícias Kyodo, protestou ante o embaixador nipônico nos Estados Unidos.

O Departamento de Estado havia ameaçado, inclusive, anular a próxima rodada de discussões bilaterais entre dirigentes dos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa se o ministro nipônico continuasse proferindo críticas contra o presidente Bush, segundo a Kyodo.

As críticas de Kyuma, que favorecem a impressão de desunião do governo japonês, se produzem num momento em que o chefe do executivo, Shinzo Abe, sofre uma progressiva perda de popularidade.

Os japoneses reprovam a ausência de autoridade de Abe e sua inexperiência em relação a seu predecessor, o pró-americanista Junichiro Koizumi.






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