Segundo FHC, a desvalorizaçao do real nao causará "impacto direto nenhum sobre o bolso do povo brasileiro", a nao ser os que viajam ao exterior ou compram produtos importados.
O presidente também informou que o governo vai permanecer atento para barrar tentativas de especulaçao e aumento de preços.
Veja a íntegra do discurso de FHC:
"Eu hoje queria falar com muita franqueza ao povo
brasileiro.
Nós estamos enfrentando dificuldades. As últimas semanas
foram difíceis. Tao difíceis que nós, para garantir a
estabilidade do Real, fomos obrigados a deixar que houvesse a
valorizaçao do dólar.
Por que nós fizemos isso? Porque para evitar isso
teríamos que aumentar ainda mais a taxa de juros, teríamos
que penalizar ainda mais aqueles que sao produtores do
Brasil. Diminuiria a oferta de emprego e poderia haver o
risco de uma recessao prolongada.
Eu sei que quando se aumenta o dólar, muita gente fica
preocupada. Mas veja bem: nao haverá impacto direto nenhum
sobre o bolso do povo brasileiro. Aquele que trabalha, aquele
que nao está sendo obrigado a viajar ou aquele que nao compra
carro importado - e a imensa maioria nao compra carro
importado, nem produtos importados - nao vai sofrer nenhum
efeito do aumento do valor do dólar.
E claro o governo vai continuar olhando. Olhando o quê?
Para evitar que haja exploraçao, que comece de novo a
carestia, que usem o pretexto de que o dólar vale mais para
aumentar o preço dos produtos brasileiros, que sao feitos com
o Real e que, portanto, nao precisam ter aumento algum.
E nós temos experiência. Eu lutei contra a inflaçao
quando a inflaçao estava a 10, 20, 30, 40% ao mês. Ora, quem
conseguiu segurar a inflaçao nesse nível, certamente, nao vai
deixar que a carestia volte.
Agora, nós precisamos acertar as nossas contas públicas,
porque o que desorganiza a vida brasileira, na parte
econômica, e o fato de que muitos Estados, alguns municípios
e a própria Uniao estao gastando demais porque tem que pagar
uma folha de salários de muita gente. Sobretudo nos Estados e
nos municípios, e porque tem o custo da Previdência do
funcionalismo público.
Nao é o trabalhador, nao é a trabalhadora que está no
INSS, aí nao vai acontecer nada. Fica tudo igual. Agora, nos
vamos pedir que o Congresso aprove uma contribuiçao dos
aposentados e dos pensionistas do setor publico, porém, nao
de todos. Os que ganham pouco, menos de 600 reais, nao seria
justo mexer com eles. Nao vamos mexer.
Agora, há muita gente que ganha muito e que nao
contribui com nada para a sua aposentadoria. E você que está
em casa me ouvindo que, sem saber esta pagando as
aposentadorias precoces de setores e funcionalismo. E alguns
deles, ganhando muito. Entao, é justo que, neste momento de
afliçao, eles paguem uma contribuiçao. É isso que nós estamos
fazendo.
Agora, o Congresso Nacional tem mostrado muita
disposiçao de reagir. Eu sou o homem de sempre, firme,
disposto a ajudar o Brasil.
Tenho certeza de que o Congresso Nacional aprovando as
medidas que nós pedimos que fossem aprovadas com rapidez, e
de que nos continuando a conduzir o Brasil com firmeza, com
clareza, com franqueza, vamos superar essas dificuldades e,
já no segundo semestre, as taxas de crescimento vao mostrar
ao povo que o esforço valeu. O Brasil vai voltar a ter
condiçoes de gerar mais empregos e eu vou ter condiçoes de
cumprir o meu programa de governo, que apresentei ao país
durante as eleiçoes. Eu conto com você. Vamos juntos que o
Brasil tem muita chance e vai avançar. E avançar para melhor."
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