Empresa constituída por 720 funcionários e ex-empregados da Petroquímica União, de Santo André, a SEP (Sociedade de Empreendimentos Produtivos S.A.) vai investir R$ 25 milhões em um projeto de produção de biodiesel em Guapé, Sul de Minas.

Para ter recursos para o projeto, a SEP vendeu há poucos dias sua participação (3,5 milhões de ações ordinárias) na PQU, em negócio fechado com a companhia Unipar, por R$ 35,5 milhões.

Segundo o presidente da Sociedade, José Bernardo de Medeiros Filho, era um grande sonho ser o gestor de um negócio e não apenas acompanhar atividades da petroquímica como acionista minoritário – suas ações correspondiam a 3,5% do capital total.

Havia a possibilidade de a empresa pleitear financiamento do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) para a fábrica, mas havia a preocupação em não perder tempo.

“O crédito demoraria para sair e não viria no momento que precisávamos. Quando há muitos ‘entrantes’ (novos concorrentes), fica difícil”, afirma. O segmento do biodiesel desperta o interesse por conta da nova legislação, que exige 2% de adição de biodiesel ao diesel, a partir de 2008.

A venda foi considerada um bom negócio. “A rentabilidade será melhor e ainda contribuiremos para reduzir o aquecimento global”, disse o executivo. “Saímos da área do combustível fóssil (o petróleo) para a de energia renovável”, acrescenta.

A obtenção de biodiesel, que será à base de semente de girassol, envolverá um plano integrado. “Vamos comprar e esmagar o grão, fazer o farelo, a transesterificação (que é o processo de transformação do óleo vegetal em biodiesel) e a distribuição local”, disse Medeiros Filho.

A intenção é iniciar a operação em um ano e meio e ter uma produção inicial de 10 mil toneladas anuais para no segundo ano, duplicar esse volume.

A SEP já conta com a parceria da prefeitura local, que doou oito alqueires (200 mil m²) e realiza palestras a pequenos agricultores daquela região para convencê-los a se unir ao projeto.

Muitos dos pequenos proprietários locais se dedicam à cultura do milho e, após a colheita, entre setembro e outubro, suas terras ficam ociosas. Com o plantio do girassol nesse período, os produtores podem ter uma receita adicional e ainda gerar mais produtividade à safra do milho.