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Juros completam 4 sessões em baixa, com melhora na percepção de risco político
23/05/2019 | 18:27
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Pixabay / banco de imagens


O mercado de juros adiou uma possível realização de lucros e as taxas fecharam mais uma vez em baixa, completando quarta sessão seguida de queda nesta quinta-feira, 23. A melhora na percepção do risco do cenário político e de que a economia doméstica vai demorar para se recuperar, além do pessimismo com a economia global que deve manter os juros baixos no mundo, foram os principais fatores a alimentar o recuo. Com isso, pouco a pouco a curva a termo vai limpando as apostas de alta da Selic e, para o fim do ano, já há uma precificação, ainda que ínfima, de queda, de apenas 1 ponto-base.

Desde a última sexta-feira, os contratos para janeiro de 2023 e janeiro de 2025 já perderam mais de 30 pontos-base, considerando os níveis de ajuste, basicamente em função do quadro político. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou 7,97%, de 8,012%, no ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2025 recuou de 8,602% para 8,57%. "As vitórias do governo nas MPs deixam a sensação de que a Previdência vai passar e o mercado, assim, fica confortável para aplicar", disse a economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Helena Veronese.

A Câmara concluiu hoje a votação da MP 870, que reestrutura os ministérios. O texto será encaminhado ao Senado, que tem a próxima semana para votar a medida, antes que ela perca sua validade, em 3 de junho. O governo foi derrotado na questão do Coaf, que passou do Ministério da Justiça para o da Economia, mas, segundo Helena, isso não fez preço porque já era esperado.

A ponta curta também devolve prêmios em alta velocidade nos últimos dias, diante da sensação de que o corte da Selic é questão de tempo. A taxa DI para janeiro de 2021 caiu hoje para 6,790%, nova mínima histórica, de 6,851% ontem no ajuste e 7,052% no ajuste de sexta-feira. A do DI para janeiro de 2020, que melhor capta a visão do mercado para a política monetária em 2019, fechou na mínima de 6,380%, de 6,405% ontem no ajuste.

De acordo com cálculos do economista-chefe do Haitong Banco de Investimento, Flávio Serrano, a curva já embute 1 ponto-base de queda da Selic no fim de 2019, ante 100% de manutenção do atual patamar de 6,50% ontem, o que, na prática, diz ele é quase "a mesma coisa". De todo modo, não deixa de ser um efeito de toda a discussão do mercado em torno da política monetária, pois nos últimos meses sempre houve prêmio de risco para o fim do ano.

Um gestor afirma que ganha força a tese de que o Banco Central vai cortar juro não só pela atividade fraca no Brasil, mas pelo contexto internacional. "Hoje temos forte aversão ao risco no mundo, com tombo do rendimento dos Treasuries e petróleo caindo 5% e, ao mesmo tempo, as moedas em geral não estão sofrendo. A combinação de atividade fraca lá fora e dólar relativamente estável permite que as taxas tenham um bom desempenho, não resta outra coisa aos juros domésticos se não cair", disse.




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