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Pai busca pela filha desaparecida há 11 anos

Família conseguiu desarquivamento do caso Amanda; menina foi vista pela última vez aos 8 anos

Matheus Angioleto
Especial para o Diário
29/10/2017 | 07:00
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Celso Luiz


 Era um domingo frio em maio de 2006. O pai da família assistia a um confronto entre Corinthians e Ponte Preta pela televisão enquanto a mulher fazia café na cozinha. O filho Guilherme, 11 anos, brincava na porta de casa com a irmã Amanda, 8, que havia passado o dia todo andando de bicicleta na Rua Beneditinos, no Jardim Santo André. A matriarca pediu ao garoto para comprar açúcar para o café. A irmã ficou sentada nas escadas e, depois, desapareceu. Já se passaram 11 anos, mas a história que relata o dia mais triste da vida da família Mendes ainda martela a mente do patriarca Antônio, 47.

Embora as investigações sobre o desaparecimento de Amanda tivessem sido arquivadas dois anos depois do seu desaparecimento por falta de provas, o pai nunca desistiu de buscar respostas sobre o paradeiro da filha. A insistência levou, inclusive, à reabertura do inquérito.

O caso de Amanda foi encaminhado pelo MP (Ministério Público do Estado de São Paulo) ao setor de homicídios da Delegacia Seccional de Polícia de Santo André para que a autoridade policial ouça o pai, filho e testemunhas indicadas pela família. Os autos chegaram na quinta-feira à tarde ao distrito policial. Há, inclusive, simulação fotográfica da garota com a idade atual, 19 anos, para auxiliar nas buscas. “Tem de cobrar, porque a polícia precisa começar a trabalhar. Estão querendo investigar, mas o inquérito tinha erros e abrimos processo contra o Estado por negligência. Não deram resposta à família”, conta o pai, operador de loja e morador do Recreio da Borda do Campo.

A família critica ainda a morosidade do processo de investigação e a ausência de provas. Conforme Mendes, à época do desaparecimento, as investigações começaram a ser realizadas pela polícia dois dias depois do registro da ocorrência. “Muitos depoimentos desviaram o foco e a intromissão de moradores do entorno, que não tinham conhecimento da situação, atrapalharam o andamento do caso ao longo dos anos”, acredita o pai.

A família também processará o Estado. O advogado de Clodoaldo elabora ação que busca reparação de perdas e danos. A expectativa é finalizar o documento em até dez dias. A medida foi tomada devido à responsabilidade da segurança da garota por parte do Estado e também pela considerada morosidade para o início das buscas.

TRAUMA
O desaparecimento de Amanda foi um dos motivos que levaram à separação dos pais dela, em 2007. Desde então, a família se dividiu. O irmão mais velho, Guilherme, 23, e Esther, 14, moram com Mendes. A mãe se casou novamente e teve outra filha. “Isso (desaparecimento) acabou com a família e não sabemos até hoje quem a pegou. Meus filhos e ex-mulher ficaram doentes, sentem saudade e depressão. Há 11 anos estamos nessa dor e mistério”, lamenta o pai, enquanto segura Bíblia cor-de-rosa que pertencia à filha, uma das poucas lembranças que conseguiu guardar.




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