Setecidades Titulo São Bernardo
Má gestão causa superlotação no PS Central de São Bernardo

Sem suporte do Hospital de Clínicas, pacientes
ficam em salas cheias e macas nos corredores

Daniel Macário
do Diário do Grande ABC
30/01/2016 | 07:07
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Claudinei Plaza/DGABC


Sem suporte do HC (Hospital de Clínicas), que ainda caminha a passos lentos para atingir a capacidade máxima de atendimento dois anos após sua inauguração, o PS (Pronto-Socorro) Central de São Bernardo pede ajuda. Com sistema sobrecarregado, pacientes da unidade de Saúde são obrigados a receber atendimento precário em corredores e alas superlotadas.

Acompanhada de moradores do município, a equipe do Diário entrou no PS Central ontem e quinta-feira e constatou situação caótica. Enquanto visitantes são obrigados a aguardar de pé por informações na recepção, pacientes na parte interna são atendidos em macas nos corredores.

“É uma falta de respeito com a população. Hoje (quinta-feira) tinha 26 pessoas na ala vermelha onde minha mulher estava. Não havia espaço entre as camas, sem contar que muitos aguardavam na cadeira por falta de maca”, desabafou o vidraceiro Valmir Souza, 48 anos.

A ala vermelha é o espaço mais crítico da unidade. Destinada para casos graves, com necessidade de atendimento imediato, a área tem desrespeitado normas do Ministério da Saúde. Isso porque o espaço entre os leitos, que deveria ser de dois metros, tinha ontem menos de 60 centímetros. Já a divisão entre o leito e a parede, que deveria ser de um metro, ontem não existia.

“No fundo da ala tem acompanhante que nem consegue entrar. As macas estão grudadas”, relata a doméstica Wanderleia Lucia Pereira, 49.

Na visão de pacientes, a situação tornou-se crítica em decorrência da burocracia imposta pela unidade de Saúde para transferir pacientes ao Hospital de Clínicas. “Tentamos levar meu pai do PS para lá, mas eles alegaram várias coisas e, no fim, deixaram ele aqui”, relata o estudante Gabriel Ramos Santini da Silva, 15.

Enquanto pacientes sofrem com a saturação do PS Central, o HC acumula espaços ociosos. Conforme o Diário noticiou no início do mês, a unidade de Saúde, em 23 meses (entre dezembro de 2013, data da inauguração, e outubro, último dado fornecido pelo governo), cumpriu somente 12% do total de procedimentos cirúrgicos prometidos, com gasto de R$ 124 milhões.

Para agravar a situação, a unidade funciona atualmente com 90 leitos de internação e 20 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Entretanto, a promessa do prefeito Luiz Marinho (PT) era que até dezembro do ano passado 180 vagas estariam à disposição no complexo hospitalar.

Ao todo, a construção da estrutura consumiu R$ 240 milhões dos cofres municipal, estadual e federal (29% a mais que o orçado inicialmente), sendo que a média de custeio mensal seria de R$ 7 milhões (70% do aporte por conta da União).

Prefeitura se cala diante de caos na Saúde

Procurada pelo Diário para comentar a superlotação das alas do PS (Pronto-Socorro) Central, a Prefeitura de São Bernardo se calou e não retornou aos questionamentos enviados pela equipe de reportagem.

A conduta adotada pela administração do prefeito Luiz Marinho (PT) já se tornou comum ao longo dos sete anos de sua gestão.

Em dezembro de 2014, quando reportagem denunciou a falta de pediatras no PS Central, a Prefeitura adotou a mesma atitude. Na ocasião, funcionários informaram que durante três meses a especialidade não tinha profissionais aos fins de semana.

Já em abril do ano passado, a cena se repetiu quando o Diário relatou desentendimento entre clínicos gerais e a direção do PS Central, que resultou em problemas de atendimento à população. Na época, as filas de espera para passar em consulta chegaram a cinco horas. Questionada na ocasião sobre o assunto, a Prefeitura de São Bernardo se calou diante das denúncias da população e não retornou aos questionamentos da reportagem.  




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