A Prainha do Riacho Grande vai mudar de cara a partir de sexta-feira. Os comerciantes de 20 trailers que vendem alimentos e bebidas sairão da faixa de areia e ocuparão quiosques construídos pela Prefeitura sobre o deque. A alteração faz parte do projeto de revitalização da área, que tem recursos de R$ 7 milhões do Ministério do Turismo.

A data da mudança foi informada pelos proprietários dos trailers, que estão insatisfeitos. Integrante da Associação dos Comerciantes da Prainha do Riacho Grande, Valdir Martins Moreira, 59 anos, 24 deles com o Trailer do Mineiro, diz que a Prefeitura não cumpriu o que prometeu. “Os quiosques foram construídos em tamanho menor que os nossos trailers, que já são apertados. Além disso, estão muito próximos uns aos outros, o que dificulta o trabalho.”

Os veículos têm três metros de comprimento por dois de largura, enquanto os quiosques têm 2,5 metros de comprimento por dois de largura. A Prefeitura garante que, como os quiosques são planejados para esta atividade, não haverá prejuízo para o trabalho, o que os comerciantes discordam.

Outra reclamação é o espaço para a colocação de mesas e cadeiras. Na faixa de areia é permitido usar cerca de sete metros do entorno, o que possibilita a disposição de dez a 15 guarda-sóis por comércio. Sobre o deque, porém, há espaço para apenas cinco mesas, com no máximo 20 cadeiras. “As pessoas vêm aqui para aproveitar a água. Elas querem ficar perto da represa e ter acesso à alimentação e bebida onde estão. O movimento vai cair”, afirma a comerciante Sandra Maria Gouveia, 57, há 13 anos atuando na Prainha.

Sobre as mesas e cadeiras, a Prefeitura informou que os quiosques poderão emprestá-las para que os visitantes as coloquem na faixa de areia, como é feito em várias praias do litoral paulista.

SEM EMPREGO

A mudança para os quiosques também irá gerar demissões. No trailer de Maria Tânia, 48, há 17 anos instalado no local, trabalham hoje quatro funcionários. “Eles sabem que a partir de sexta-feira vão ficar desempregados. Infelizmente não terá espaço para todos.”

Cada comerciante pagou R$ 9.000 pelo espaço. A maioria financiou o valor pelo Banco do Povo Paulista, com parcelas em torno de R$ 300. “O benefício é que agora teremos água encanada, energia e esgoto. Mas como vou pagar tudo isso se não terei clientes?”, questiona Maria.

A administração ressalta que o processo de revitalização da Prainha, área que desde os anos 1970 não sofria intervenção, está sendo realizado com o objetivo de melhorar o acesso aos turistas, privilegiando, por exemplo, os pedestres, como feito na Rua da Praia e no plano de gestão que prevê ações culturais no local para atrair mais público.

Prefeitura instalará banheiros químicos para frequentadores

A Prefeitura de São Bernardo abriu chamamento público para instalar seis banheiros químicos na Prainha do Riacho Grande, sendo três masculinos e três femininos. O permissionário será responsável pela manutenção e limpeza e poderá estabelecer tarifa de até R$ 1. Hoje, para usar o banheiro de bares no local, são cobrados R$ 2.

A expectativa é instalar os equipamentos em fevereiro. Segundo a Prefeitura, a medida atendeu demanda apresentada pelos usuários da Prainha. Por se tratar de área de proteção permanente não é possível construir banheiros de alvenaria na orla, mas a estrutura pública está sendo erguida na Praça do Bombeiro, conforme a administração.

“Para quem tem criança, é importante ter banheiro”, diz a autônoma Daiane Campos, 24, pela primeira vez visitando a Prainha com a família, ontem.