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Teste de DNA é usado como prova em julgamento de ex-policial
11/11/2003 | 00:20
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Tendo como base um exame de DNA, começou nesta segunda-feira, em Brasília, o julgamento do ex-policial civil José Pedro da Silva, acusado de matar e ocultar o cadáver da estudante Michelle de Oliveira Barbosa, em 1998, quando ela tinha 16 anos. Partículas de sangue retiradas do porta-malas do carro de Silva foram identificadas como sendo de Michelle, num exame cujo grau de certeza estatística é inferior a 80%. O réu nega o crime, mas a acusação sustenta que o conjunto de indícios contra o ex-policial é ainda mais forte do que o teste de DNA.

Segundo testemunhas, Michelle e Silva mantinham um romance - ignorado pelos pais da vítima - e ela estaria grávida. A estudante foi vista pela última vez no dia 10 de julho de 1998. O corpo nunca foi achado.

Um segurança da companhia telefônica de Brasília a viu entrar num Ômega dirigido por um homem cuja descrição bate com a de Silva. O ex-policial era não só amigo dos pais de Michelle, como cunhado de uma tia da menina. Ele disse que o sangue poderia ser do irmão de Michelle, Cristiano, 24 anos. O rapaz, porém, afirma que nunca pegou carona com o ex-policial e muito menos no porta-malas. O exame de DNA praticamente descartou que o sangue seja do irmão - a probabilidade de acerto nesse caso é de 82%.

O julgamento no Tribunal do Júri de Brasília começou por volta das 9h30. O interrogatório de Silva demorou cerca de 6h. Depois disso, a juíza Sandra de Santis, mulher do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, deu início à leitura de trechos do processo para os sete jurados, todos homens. Até as 20h30, prosseguia a leitura. A seguir, seriam ouvidas dez testemunhas - cinco de acusação e cinco de defesa. A expectativa do promotor Fernando Valente é que o veredicto fosse dado só na madrugada desta terça-feira, mas já se comentava a possibilidade de o desfecho ficar para depois do almoço.

Os pais e o irmão de Michelle acompanharam o depoimento de Silva sentados na primeira fila do auditório, lotado na maior parte por estudantes de direito e profissionais do direito interessados no caso de assassinato sem cadáver, baseado fundamentalmente num exame de DNA.

"A Justiça não vai trazer a minha filha de volta, mas deve ser feita. Vou levar este pesadelo para o resto de minha vida. Quero encontrar o corpo de minha filha para lhe dar um enterro digno", desabafou o pai da menina, o repórter fotográfico do jornal ‘O Globo’ Givaldo Barbosa.

O advogado de defesa, Edmilson Menezes, disse que não há provas do crime e que o exame de DNA não indica que a menina tenha sido morta e muito menos que o eventual assassina seja o seu cliente. Silva, por sua vez, acusou a polícia de plantar provas contra ele.

Casado à época, o ex-policial nega que tenha tido qualquer romance ou envolvimento sexual com a estudante, bem como que falasse com ela ao telefone. Sua versão, no entanto, é contestada por diversas testemunhas e pelo registro de ligações entre seu celular e o aparelho do apartamento onde Michelle morava com os pais e o irmão. Nos dez dias de julho, foram identificadas dez ligações, segundo o promotor Fernando Valente.

O álibi apresentado pelo ex-policial para justificar onde estava no horário do desaparecimento da menina também caiu por terra. Isso porque ele afirmara estar na companhia do amigo e sócio Alfredo Oliveira Filho, o Baiano. O amigo, no entanto, negou que estivesse com Silva.

Para justificar o tempo gasto nos diversos deslocamentos que teria feito de carro pela cidade, o ex-policial afirmou ter ficado sem gasolina em determinado momento, o que o teria levado a buscar combustível num posto. A investigação da polícia, no entanto, refez os trajetos e constatou que a versão era improcedente.

Amigas da estudante revelaram saber do envolvimento amoroso da menina com o ex-policial, relatando inclusive o nome de motéis que o casal freqüentaria. Esses motéis tinham em seus registros a placa do carro de Silva como cliente.




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