Desvendando a economia Titulo Custo de vida
Por que gastos públicos afetam a inflação?
Por Anderson Luís Saber Campo*
16/04/2016 | 07:00
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Recordemos que a inflação é causada pelo desequilíbrio entre a oferta e a demanda de produtos e serviços. Um dos mecanismos de geração de inflação é a procura maior de consumidores por produtos, criando cenário em que os produtores se sentem à vontade para aumentar preços.

Podemos separar o consumo em dois grupos conforme sua origem: público e privado. O consumo público é aquele realizado por entidades públicas das esferas federal, estaduais e municipais, seja para manutenção da estrutura burocrática ou para prestação de serviços à população, por exemplo, combustível de carros oficiais, medicamentos, merenda escolar etc. O consumo privado é o realizado pelos outros integrantes da economia: pessoas físicas e jurídicas.

O instrumento clássico de política monetária que o Banco Central dispõe para combater a inflação de demanda é o aumento da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic. Um aumento da Selic provoca elevação em cadeia de todas as outras taxas de juros – com exceção da praticada pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) –, o que causa desestímulo ao consumo para aqueles que necessitam de empréstimos e financiamento, e estímulo de adiamento de consumo por aqueles desejosos em obter boa remuneração em suas aplicações financeiras.

Entretanto, a decisão de consumo pelos entes públicos não é afetada pelo nível da taxa de juros básica (Selic). Assim, toda redução de consumo (sacrifício) para ajustar a oferta e demanda (para controlar a inflação) dever ser feita pelos consumidores privados.

Dessa forma, se o governo reduzir voluntariamente seus gastos, o Banco Central pode aplicar dose menor do remédio amargo (aumento da taxa de juros) e, com isso, reduzir a parcela de sacrifício das pessoas e empresas para o ajuste da inflação. Por outro lado, se o governo aumentar seus gastos em um cenário inflacionário, estimula a elevação da inflação. Lembremos que inflação significa menor poder de compra da população, por isso não podemos abrir mão de exigir responsabilidade fiscal de nossos governantes.

* Anderson Luís Saber Campos é professor doutor do programa de pós-graduação em Administração da Escola de Gestão e Direito da Universidade Metodista de São Paulo e pesquisador do Observatório Econômico na mesma instituição. 




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