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Sucesso sem fronteiras

No ar em ‘Sinhá Moça’, no Viva, Lucélia Santos se dedica hoje a ensinar outros atores

Por Miriam Gimenes
12/02/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Se com a novela A Escrava Isaura (1976) a andreense Lucelia Santos ganhou o público, não só no Brasil como o internacional, com Sinhá Moça (1986) ela ratificou seu sucesso fora das fronteiras tupiniquins. A química com o parceiro de cena Rubens de Falco fez com que, mesmo antes da estreia, 50 países se interessassem em comprar o folhetim.

Passadas mais de três décadas, a trama – que já foi exibida, pelo menos até 2001, em mais de 60 países – pode ser vista no canal Viva, de segunda a sábado, às 14h30. Para quem não se lembra, a história é sobre Sinhá Moça (Lucélia Santos), moça romântica e sonhadora, filha do Coronel Ferreira (Rubens de Falco), o Barão de Araruna, e de Cândida (Elaine Cristina).

De volta à sua cidade, depois de terminar os estudos na Capital, ela conhece o republicano abolicionista Rodolfo (Marcos Paulo), por quem se apaixona. Se junta a ele e a outros abolicionistas para defender os negros. “É uma linda novela, com uma trama muito bem urdida pelo autor maravilhoso Benedito Ruy Barbosa, com produção impecável, que a transformou em um clássico da linguagem e um dos maiores sucessos internacionais da TV Globo. Na minha carreira veio para corroborar com o sucesso de A Escrava Isaura, trama que passava na mesma época da escravatura, só que em ‘Sinhá’ eu era dona do engenho”, diz Lucélia.

Ela, que não assiste à reprise, diz que as novelas de hoje não conseguem o mesmo sucesso internacional – e poucas o nacional – por conta da concorrência com a internet. “Os adolescentes e muitos jovens não têm mais foco em uma única direção, não conseguem parar num único assunto. É espécie de doença dos tempos modernos. Por esse motivo os autores piram de mudar a trama desesperadamente para conseguir audiência, rompendo com o fixo das histórias, destruindo os personagens no meio das novelas.” Esse desespero por audiência, segundo ela, não é resolvido com qualidade e isso acaba por romper com emoções da trama.

Por esses e outros motivos, Lucélia não sente falta da televisão. Só às vezes. Preocupa-se em dedicar grande parte de seu tempo para outras duas paixões: cinema e teatro. Também ministra a Oficina Lucélia Santos – A Preparação do Ator, baseado no método de Stanislavski, que consiste em uma progressão de técnicas usadas para treinar atores a sentir emoções realistas durante a atuação. “A profissão de ator está em risco de extinção com a idiotice dos conteúdos que os adolescentes curtem no YouTube, que permite que pessoas vulgares ocupem lugares de atores. Só Stanislaviski salva (risos).”

Por enquanto ela o ministra no Rio de Janeiro, mas se houver convite ela pretende trazer para o Grande ABC, já que aqui, mais especificamente Santo André, onde sempre visita, moram ‘suas lembranças da infância e adolescência’. E neste ano, em que a política deve estar em destaque, principalmente no segundo semestre, ela não pretende esconder sua predileção. “Sempre apoiei e apoio a esquerda. Todavia, minha militância principal são as árvores e a educação das crianças, que não podem ir para escola. É do lado deles que pretendo estar até a morte.”




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