Segundo vereadores do PTB de São Caetano, o presidente estadual do partido, Campos Machado, orientou a bancada de quatro parlamentares a apoiar o prefeito eleito, Paulo Pinheiro (PMDB). O discurso do mandatário segue a tendência dos parlamentares, porém, expõe novidade na relação entre PTB e PMDB, legendas que rivalizaram a disputa pelo Palácio da Cerâmica.

Campos se encontrou anteontem, na Capital, com o quarteto petebista - Flávio Rstom, Jorge Salgado, Gérsio Sartori e Paulo Bottura - para acertar pontos de reestruturação da sigla, visando retomar crescimento na próxima eleição. Encaminhamentos para o futuro e lavagem de roupa suja pautaram a reunião.

Pinheiro era petebista até o ano passado, quando foi descartado pelo prefeito José Auricchio Júnior (PTB) de ser o postulante governista ao Paço e, então, migrou ao PMDB para garantir a candidatura. O período eleitoral ficou marcado por duras críticas entre a prefeiturável derrotada Regina Maura Zetone (PTB) e o peemedebista. Ataques que envolveram a vida pessoal de ambos foram usados na disputa.

"O presidente (Machado) quer que a gente dê sustentabilidade ao futuro prefeito. Sempre estivemos juntos no PTB, não é agora que seria diferente", justificou Salgado. "O Pinheiro sempre foi nosso amigo no PTB, não tem por que ser inimigo", reforçou Rstom. Com a fala de Campos, o cenário da Câmara vai ficando positivo para Pinheiro, que elegeu apenas três dos 19 vereadores. Até então, nenhum parlamentar se declarou opositor.

O mandatário também pediu que a bancada se una para garantir o comando do Legislativo. A orientação acalmou os ânimos no partido, que ainda não tinha concordado inteiramente com a candidatura de Salgado. Com o PTB, PDT e PHS, ele teria seis votos. E busca ampliar o leque de apoio para fazer frente à tentativa do atual chefe da Casa, Sidnei Bezerra da Silva, o Sidão da Padaria (PSB), em se reeleger com a bênção de Pinheiro.

Campos garantiu que Auricchio continua como presidente municipal do PTB. "Mas também disse que a preferência é de quem tem mandato (eletivo)", explicou Rstom. O prefeito tem diálogo avançado com o PSB para se transferir e se lançar a deputado estadual em 2014. Os socialistas têm registrado número de votos inferior em relação aos petebistas para garantir cadeira na Assembleia. "Se ele quiser, a preferência é dele (Auricchio) para ser candidato em São Caetano", rebateu Rstom.

Com o PTB na base de Paulo Pinheiro, a permanência de Auricchio na sigla ultrapassa a linha de desconforto. A eleição criou um abismo irreversível na relação entre os dois. Desde o fim do pleito, duas conversas ocorreram: uma ligação do petebista para parabenizar a vitória e o início da transição, ocasião em que Pinheiro ficou calado enquanto sua filha, Gica, liderou o diálogo.

Sobre a derrota de Regina - 63,35% a 34,81% - e a tentativa frustrada do prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), em renovar o mandato - perdeu para Carlos Grana (PT) -, Campos voltou a dizer que não abandonou a região. "Ele disse que não se descuidou e que sempre ligou para o Aidan e o Auricchio, que diziam que estava tudo sob controle", comentou Rstom.