Cultura & Lazer Titulo Especial
Nas histórias das ondas do rádio

Colecionador andreense reúne acervo pessoal com itens raros, históricos e restaurados

Por Vinícius Castelli
27/04/2014 | 07:00
Compartilhar notícia


Toda peça da coleção de rádios de Marcelo Pascotti foi conseguida com muita pesquisa e suor. Os modelos que compõem esse acervo trazem consigo um pouco da história da comunicação, da música e da humanidade.

Se por aí é difícil de se encontrar, no apartamento do andreense é coisa corriqueira se deparar com aparelhos de rádios de formato capela. Como é o caso do Cacique, de 1933, montado no Brasil com peças estrangeiras.

A paixão de Pascotti por rádio começou ainda criança, na casa do avô. “Ele tinha um norte-americano da General Eletric, de 1933. Eu virava o rádio para ver as válvulas com todas aquelas luzes”, conta. O primeiro aparelho que comprou foi um igual ao do avô, que teve o seu roubado.

Colecionador há 11 anos, Pascotti se deparou com um desafio quando adquiriu não só o primeiro, mas a maioria dos aparelhos que comprou. Muitos deles chegaram às suas mãos em frangalhos. Foi aí que o funileiro viu que teria de aprender a consertar, fazer peças e saber tudo a respeito de todos os modelos. “Fui aprendendo a arrumar, a mexer sozinho mesmo. Comprei livros e estudei”, afirma.

Hoje ele conta com cerca de 500 peças, todas restauradas, em perfeito estado de funcionamento, além de outras 100 que precisam ainda passar por reforma. “Eu pesquiso quase todo dia para tentar encontrar modelos que ainda não tenho”, conta. Um dos rádios de seu acervo, o Zenith, dos anos 1930, foi trazido dos Estados Unidos por um amigo. “Ele comprou um veículo Mustang lá e trouxe esse aparelho de móvel no porta-malas do carro.”

Pascotti tem outros dois modelos muito raros e curiosos. Um deles é o VE 301, feito para comemorar a posse de Adolf Hitler, em 1933, como chanceler da Alemanha. “O outro que tenho traz a suástica nazista. É muito raro, pois após a guerra todos os aparelhos que continham o símbolo foram destruídos. A pessoa só escutava as rádios permitidas por Hitler”, afirma. Segundo o colecionador, atualmente deve haver no máximo seis peças dessa no mundo, avaliadas em cerca de R$ 5.000.

Uma das menores peças é um rádio de pedra de galena, de 1919. “A pedra capta a estação. Não é elétrico. Basta um fio positivo e um arame de 15 metros como antena. O meu funciona.”

Mas a coleção não é feita de aparelhos de rádio apenas. Até fonógrafo, aparelho anterior ao gramofone, Pascotti tem. “Tenho um feito por Thomas Edison, é de 1898. A música é reproduzida por um cilindro feito com cera de abelha”, conta. “Cada vez que era preciso gravar músicas num cilindro, os músicos tinha de fazer uma nova gravação”, completa.

Grandes e imponentes gramofones roubam a cena. “Esses aparelhos chegaram por volta de 1900. Os meus são todos originais, funcionam com manivela”, conta.

A ideia é montar um museu particular no futuro, para que as crianças possam saber um pouco da história do rádio e da música. “Você pega um rádio de 1920, de quase 100 anos, que ficou parado por 30, e eu faço ele funcionar. Isso é demais.”

Mas o que mais fascina o colecionador é quando pensa em todas as notícias que cada aparelhinho desses já vivenciou. “Foram trocas de governo, o surgimento das radionovelas, as Copas do Mundo, notícias das guerras, tudo pelo rádio. Quanta gente não escutou a história do mundo por esses aparelhos que tenho aqui.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;