Economia Titulo Cenário
Medo do desemprego exige planejamento

Especialistas avaliam que cenário é atípico e tendência é de redução nas vendas

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
14/04/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


 Os pequenos comerciantes da região estão prestes a enfrentar cenário de redução nas vendas, principalmente quando o assunto se refere ao consumo por meio de crédito. O aumento do pessimismo da população em relação ao mercado de trabalho e o endividamento são os venenos que prejudicam a situação do segmento.

 

O planejamento é a chave para que os empreendedores passem por essa fase de maneira segura, com redução dos riscos. Essas estratégias devem ser traçadas tanto para os estoques como também em relação às futuras vendas, como identificação da clientela atual e adequação de produtos e serviços, sempre com o objetivo de manter o fluxo de recursos durante os próximos meses e liquidar as dívidas com os credores, orienta o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Evenson Robles Dotto.

 

Vários aspectos têm contribuído para que os especialistas avaliem que o cenário aos pequenos comerciantes será complicado nos próximos meses. O principal deles está relacionado ao mercado de trabalho. É o que aponta pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria). O Inec (Índice Nacional de Expectativa do Consumidor) mostra que os brasileiros têm reduzido o otimismo em relação ao emprego neste ano. O indicador, que estava em 131,9 pontos em janeiro, passou para 117,4 em fevereiro e 113,7 no mês passado.

 

“Sem contar que, em outras de nossas pesquisas, direcionadas especificamente àqueles que estão empregados, eles se mostram com mais medo de perder o emprego”, destaca o economista da CNI, Marcelo Azevedo.

 

Além das previsões negativas, que reduzem a pretensão de consumo, há também a queda na demanda de crédito, principalmente por causa do encarecimento do dinheiro e do endividamento das famílias.

 

No Grande ABC, em 2013, o estoque de crédito total, considerando operações para consumidores e empresas, cresceu 5%. O resultado representou desaquecimento frente ao ano anterior, tendo em vista que em 2012, contra 2011, houve acréscimo de 19%.

 

“Já vimos um reflexo dessa desaceleração sobre o consumo, tendo em vista que o varejo teve o pior desempenho nos últimos dez anos”, pontua o professor de Economia e coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio.

 

Para o professor de Economia da Metodista David Dantas, “o consumidor está sinalizando um quadro mais pessimista.”

 

O economista chefe da agência classificadora de risco de crédito Austin Rating, Alex Agostini, concorda. “Hoje, o pior problema é a confiança (do consumidor). Porque o efeito disso (no consumo) é bem maior do que o dos juros.”

 

Pai e filho, sócios da loja de roupas de Santo André Poison, Evandro e Fernando Engelberg perceberam a desaceleração nas vendas desde 2013. Por isso resolveram trabalhar com mais promoções e, principalmente, alteração nos produtos.

 

“Demos prioridade para as peças de menor valor”, revelou Fernando. Evandro acrescentou que 2013 foi o pior ano do último triênio para a loja. Graduado em Economia e proprietário do estabelecimento desde 1986, o pai reclama também dos juros cobrados no País, que reduzem o poder de compra do consumidor.

 

PRECAUÇÃO - Como uma das formas de se previnir, a economista do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) Luiza Rodrigues aconselha que os lojistas se protejam em relação a possíveis calotes e consultem o histórico dos seus potenciais clientes antes de venderem por meio de crédito.




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