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Para além do palco da escola
Por Tauana Marin
Diário do Grande ABC
03/09/2017 | 07:00
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Com tema reflexivo e altamente politizado, o grupo de teatro do Colégio Singular, de Santo André, foi selecionado para a nona edição do Festival Mundial de Teatro Adolescente, em Buenos Aires, na Argentina. Os jovens locais viajam em outubro com a peça Sintoma Social, estreada no ano passado, para apresentação no dia 15, no encerramento do evento internacional.

De 100 inscritos de vários países, a companhia ficou entre os 20 escolhidos desta temporada, ao lado de outras duas equipes brasileiras. “A apresentação leva para o palco a ditadura militar no País e seus resquícios. É um tema pertinente, principalmente no momento político que o Brasil atravessa. Ficamos surpresos, pois é a primeira vez que fazemos a inscrição”, conta o professor e coordenador pedagógico do teatro na rede escolar e diretor da peça, Paulo Gircys.

Formado por sete ex-alunos da rede, com idades entre 18 e 20 anos, o grupo já foi premiado em festivais e costuma se apresentar dentro e fora da região. “Primeira vez que vamos nos apresentar fora do País e com uma peça em especial, na qual todos contribuíram para a construção”, diz Ana Luiza Ortuno, 20 anos, uma das integrantes da formação original e atual suplente. Junto com a experiência única, a estudante é agradecida ao teatro por frutos pessoais, como disciplina e responsabilidade.

“É muito bom quando outros olhos analisam seu trabalho. As críticas são boas, nos fazem melhorar. Estou ansioso por esse retorno que teremos na viagem, além das experiências com as demais equipes”, comenta Felipe Pina, 19.

A conexão da peça com a música é um diferencial, sendo que a história se passa nos bastidores do show de uma banda. No espetáculo, a primeira apresentação desse grupo musical foi marcada pela reação de uma mulher vítima de perseguição durante o regime militar. Segundo a jovem atriz Giovanna Bertuci, 18, “em alguns momentos saímos dos personagens e falamos como nós mesmos, nossas visões e reflexões”.

DESCOBERTAS - Se para alguns integrantes o teatro desenvolveu certas habilidades, para outros o contato com a arte foi um momento de descoberta. “Passei a fazer parte do time no segundo ano do Ensino Médio e me descobri. Meu objetivo é fazer escola livre de teatro”, revela Laura Cursino, 18. “O importante é que tenho apoio da família.”

Mariana Jorcovix, 18, sempre foi fascinada por filmes e, depois de fazer parte da equipe de teatro teve certeza de qual é a carreira que deseja seguir. “Quero fazer cinema. Gosto de atuar, mas amo dirigir. Atuando sou uma personagem, não sou eu quem fala ou erra. Já como diretora preciso ser criteriosa ao extremo.” A garota iniciou no Teatro Singular no 1º ano do Ensino Médio, mas a oficina já fazia parte de sua grade curricular desde o Fundamental. “Tenho a possibilidade de atuar e de dirigir. É muito boa a vivência.”

Muitos ex-alunos continuam atuando atrás da coxia e a atividade – tanto no palco quanto nos bastidores – é aberta para todo o público. A mensalidade é em torno de R$ 85/mês e outra turma será aberta no dia 12, com aulas às terças, das 18h30 às 21h.




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