Setecidades Titulo Saúde
Gestante tem atendimento negado no PS Central

Grávida de dois meses foi socorrida por
motorista do Diário com ajuda de policial

Por Natália Scarabotto
especial para o Diário
27/02/2016 | 07:07
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Denis Maciel


A babá Leilani Moreira Souza, 31 anos, grávida de dois meses, viveu momentos de desespero ao ter atendimento negado em unidade de Saúde da rede pública de São Bernardo. Ela teve descolamento de placenta e, levada ao PS (Pronto-Socorro) Central por um amigo com a ajuda de viatura da PM (Polícia Militar), ouviu que não poderia ser atendida ali e que não havia ambulância para realizar a transferência ao HMU (Hospital Municipal Universitário).

Leilani estava sozinha em casa, no bairro Cooperativa, quando começou a sentir fortes dores e percebeu o sangramento. De acordo com a babá, no momento foi impossível não pensar que estava perdendo o bebê. “Eu chorava muito. Estava com tanto medo do pior que não conseguia nem lembrar dos números de emergência. Só lembrei do celular do Tuca e liguei”, contou.

O motorista do Diário Alessandro Florêncio, 41, também conhecido como Tuca, estava em casa no momento em que recebeu a ligação. “Ela estava chorando e pedindo ajuda, em desespero. Corri para lá com o carro. Ela já me esperava no portão, entrou no veículo e eu só tentava acalmá-la”, conta.

A caminho do PS Central, o mais próximo da casa da babá, eles se depararam com extenso congestionamento na Avenida João Firmino. Para escapar do trânsito, solicitaram ajuda para uma viatura da PM que fazia patrulhamento na via. “O motorista explicou a situação e pediu para que a gente abrisse caminho em meio ao trânsito. Na hora ligamos a sirene e fomos na frente para o carro deles nos seguir. Andamos assim até o hospital. Era o único jeito rápido de chegar lá”, disse o cabo da PM Fredson Moura Santos, que prestou auxílio à situação de risco.

No hospital, o desespero da gestante aumentou: de acordo com ela, as enfermeiras se recusaram a socorrê-la quando souberam que se tratava de caso ginecológico. Os envolvidos afirmaram não saber os motivos pelos quais o atendimento foi negado, e disseram que não houve explicações por parte da equipe. Nem mesmo os argumentos do policial fizeram com que a gestante fosse socorrida. “Elas só disseram que não tratam desse tipo de problema. Também não tinha nenhuma ambulância disponível para me levar para outro hospital onde pudessem verificar o problema”, reclamou Leilani.

Mais uma vez, a ajuda da viatura foi necessária. O policial militar levou a babá até o HMU, localizado no bairro Rudge Ramos e distante dez quilômetros do PS Central.

Na unidade de Saúde, especializada no atendimento feminino, os médicos examinaram a gestante e, depois de algumas horas, ela foi liberada para voltar para casa. “Só tenho a agradecer ao Tuca por ser tão prestativo. E também ao policial, que ficou ao meu lado até os médicos dizerem que estava tudo bem comigo e com o meu bebê”, disse Leilani.

Para os envolvidos, a sensação de ter ajudado a gestante é gratificante. “Ganhei o meu dia em ter feito parte de algo tão importante”, afirmou Tuca. “Foi uma atitude heroica de todo mundo. A gente pensa como seria se fosse com algum familiar nosso, é impossível não dar suporte nessas horas”, concluiu o policial.

O Diário entrou em contato com a Prefeitura no fim da tarde de ontem para esclarecer o caso e a conduta das enfermeiras do PS Central, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.  




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